Fazer carão assim me lembra a Lu....
30.8.06
Depois dos "clacks"
Fazer carão assim me lembra a Lu....
29.8.06
A Força dos objetos “Inanimados”
Agora a pouco eu pedia ao Juninho que procurasse, pela última vez, um texo que, por acidente eu apaguei. Talves esse texto não tivesse tanta importância, mas pelo fato de ele ter fugido de mim, eu o superestimo. Como aquelas coisas das quais somente sentimos falta quando as perdemos. Eu mesmo tenho me acostumado com esse sentimento de perda pelo fato de senti-lo muito freqüentemente esses meses.
Antes de começar a escrever esse texto eu pensava em como seria a vida das coisas inanimadas, e como elas se vinculavam às nossas. Algumas pessoas pensam que os serem humanos são não o centro do universo, mas o centro da criação... o objetivo máximo desta, a obra-prima: não sei quantos graus, portanto, acima do, aqui, mero geocentrismo – para alguns, humanocentrismo. Uma vez li que o ápice que qualquer coisa pode alcançar é torna-se um ser; mas “ser” é tudo o que é. Portanto, o que me torna diferente de uma pedra é o simples fato de que somos seres diferentes, mas cada um com sua inteligência implícita, nada de graus diferentes de superioridade ou nada de irracionalidade. Sim, dizemos que os animais são irracionais, mas dentro de um padrão de inteligência medido a partir da padronagem humana, a qual os animais tidos como irracionais somente poderiam chegar se eles se tornassem humanos, assim como perfeição, que é um atributo divino, o qual os homens somente alcançariam quanto tornassem-se divinos. Acho que por isse sentimento de vazio, mas mascarado pela pretensão, costuma-se limitar as coisas ao entendimento humano, limitado, portanto, mas que, por egoísmo, pensamos serem o ápice das coisas – esquecendo-nos que todas as coisas são seres, mas por não serem humanas também, podem ser diminuídas.
Não é sempre que eu me sinto bem sendo parte do topo da cadeia alimentar. Topo.... Bem, o ser humano autodenomina-se o topo da cadeia alimentar na Terra, mas eu não tenho tanta certeza disso. Aliás, acaba de me ocorrer que a própria imagem e semelhança com Deus que o ser humano proclama para si é um fato plenamente questionável. A razão faz do homem cobaia das suas descobertas quando, atavés dela, o homem vai destruindo aos poucos o seu bem mais valioso: a auto-estima. Como quando Copérnico afirmou que a Terra não era o centro do universo e fez com que a humanidade não mais se vangloriasse pelo fato de serem a engrenagem principal do infinito (?), ou quando Darwin disse que o homem não era o objetivo da criaçvo, mas uma, entre tantas etapas dela, apontando o macaco como possibilidade da nossa ancestralidade [tolos os que pensam que essa afirmação se trata apenas de “termos vindo dos macacos”...] ou quando Freud afirmou que não temos controle da nossa personalidade, ao apresentar o inconsciente para os seus “hospedeiros”, os seres humanos. Penso que a descoberta coletiva de que Deus é um escudo será um golpe fatal para muitas almas fracas, uma vez que dirá, com todas as letras necessárias, que Deus não precisa ser onipresente na vida humana, se ele não o quiser, e que ele não criou apenas os seres humanos, habitantes da Terra. Pensemos, por um momento, que as baratas fossem autoproclamadas topo da cadeia alimentar e estivessem escalados evolutivamente como o estamos agora: para elas, qual forma teria Deus? A de um ser humano? Tenho certeza de que não. Agora numa escala maior... muito provavelmente a Terra não seja o único local habitado do Universo. Se em algum desses locais onde houver vida, se esta preocupar-se com isso, tais habitantes também podem acreditar serem a imagem Dele; mas seriam eles parecidos o suficiente conosco a ponto de justificar a nossa semelhança com Deus? Portanto, a semelhança dos homens com Deus não passa de busca por conforto interior, uma tentativa de não se sentir apenas um amontoado de genes espelhados num organismo no meio de tantos ao seu redor, na sua cidade, no seu país, no seu planeta, no seu sistema solar, no Universo, no infinito, no.... Definitivamente eu não sou parte do topo da cadeia alimentar, e não quero pensar que seja um ponto de vista. Não quero ser conivente com o rebanho hoje...
Por um momento eu deixei de sentir falta do meu texto para sentir-me triste. Antes eu via a perda do texto como um vaciloo meu, mas hoje penso que o texto não quis ser visto, ou simplesmente não me quis. A inanimação das coisas é um ponto de vista, assim como a concreticidade das mesmas. Uma vez um aluno me afirmou que concretas eram as coisas que podiam ser vistas ou tocadas. Eu lhe perguntei, então, se o ar era abstrato, uma vez que não era visto, ou se Deus era abstrato, já que não podia ser tocado. Eu lhe disse que os seres seriam sempre concretos onde eles existissem, e que, ao contrário da força que temos para criar seres potentes de serem concretos na nossa imaginação, não há como torná-los abstratos outra vez, porque somente pode se abstrair sobre coisas concretas. E eu lhe disse que o ser é aquilo que é. As exceções somente existem nas coisas criadas pelos homens, que é limitado por natureza, mas o universo não foi criado pelo homem...
O meu texto tinha mais de cem páginas e doeu escrevê-lo. Doeu porque ele era vivo, e dói dar a luz. O processo de concretização de uma idéia é dolorido porque envolve sentimento. É o processo em que dolorosa e penosamente se mata algo puro, tira-se a vida de algo perfeito para transformá-lo em algo imperfeito, como nosso pensamento, limitado por natureza. Mas essa morte não é dolorosa apenas para para a idéia, que, de certa forma, é natimorta por necessidade. A idéia morre para que algo novo nasça dela, e torne-se algo compreensível para a limitada inteligência humana, traduzida, portanto. Mas esse processo não é indolor para o ser humano. A idéia sofre, traumatiza-se, mas, por compaixão, digo que sofremos também. Dói porque só sabe o que é uma coucha quem viu e sentiu a coucha; só sabe o que é luz quem se ofuscou – o resto é apenas especulação. Portanto, a idéia dói porque ela somente pode ser traduzida por sentimentos, que podem ser prazerosos, mas também podem ser dolorosos ou mesmo recalcados, fazerem parte de um passado que não traz nenhuma alegria sem antes pensarmos nos acessórios que, por conta dele, nos foram concedidos.
Muitas vezes eu quis ter tomado decisões diferentes no passado. Quis voltar no tempo e mudar uma coisa específica, sem a qual eu viveria melhor sem a lembrança, mas fico triste porque eu não sei se os acessórios – que hoje me são mais preciosos que mesmo a valiosa lembrança da experiência tirada dos momentos difíceis – me acompanhariam. O fato é que eu não sentiria falta deles se eu não os tivesse tido, mas hoje penso que naoo viveria sem eles se pudesse escolher outras decisões para o meu eu do passado. Será que eu poderia confiar na força das coisas inanimadas? Será mesmo que as coisas acontecem quando elas devem acotnecer? Ou elas somente acontecem porque o caminho das bifurcações dos sins e nãos possibilitaram seu acontecimento? Será mesmo que o meu texto tinha sentimentos porque eu os coloquei lá dentro? Teria ele capacidade de escolher, se eu lhe desse esse poder? Eu sou o deus da minha criação? Será assim que funciona o livre arbítrio? Quer dizer, se eu sou deus dos organismos que vivem dentro de mim, cuja vida depende da minha, que depende da minha simples decisão? O livre arbítrio pode me destruir – a morte é uma decisão minha ou dos meus organismos? Acho que nem um nem outro, porque ambos fomos criados pela mesma força, afinal. Volto, então, ao começo? Mais uma vez a teodicéia? Ou o criador permite sublocação?
Minha solução é aceitar a perda do meu texto, como sente a mãe que ouve que seu filho morreu no eu ventre. Eu não fui capaz de gerar meu texto. Não ainda. Esses dias eu sonhei com a minha mãe e com o Jacko. Contei o sonho para minha mãe e ela disse que quando eu estivesse trabalhando eu deixaria de pensar nessas besteiras. Lembrar é besteira? Penso que besteiras sejam as coisas desnecessárias. O que eu tenho deles, agora, é somente a lembrança que carrego na minha cabeça, como o tamanho das suas mãos quando as colocava sobre as minhas, ou na lembrança que carrego, do seu focinho, ou dos dentinhos tortos – agora com aparelho, ou do seu rabinho cotó. Ainda não chorei desde que saí de casa, mas penso que eu deveria, se eu levasse a sério o que ela disse e esquecesse-os, quando começasse a trabalhar. Sim, agora eu me lembro: foi esse o grande motivo das nossas desavenças – ela queria que eu fosse racional como ela, mas eu apenas gostava, e isso não era suficiente. Eu não tenho culpa dos traumas dela. Não tenho. Não. Não tenho. É... eu realmente não tenho culpa, se as coisas inanimadas não tiverem força.. afinal, eu também já fui uma idéia... e hoje....
25.8.06
Deus abençoe o inventor da mala com rodinha!
Pois bem, não sei se pega bem começar desabafando, reclamando que toda vez que eu pego um avião a minha mala extravia. Aliás, nem sempre – quando eu não levo mala ela não extravia. No entanto, como eu a levei para a Inglaterra, em algum ponto entre São Paulo, Espanha e Inglaterra ficou a minha malinha dessa vez. Dei o endereço do William para que ela fosse entregue, mas quando eu a recebi, ela estava um caco: alça bamba, puxador solto – enfim, um caco! Acabei comprando um misto de mala e bolsa linda em Reading, que tinha ao mesmo tempo, alça e puxador, além de ser imensa de grande e, por isso, caberia o mundo dentro dela [leia-se mundo como sendo o que eu trouxera do Brasil, mais umas coisinhas que eu fui adquirindo pelo caminho].
Logo na descida das escadas da casa do Izalty eu percebia que a viagem não seria o que pode-se chamar de fácil: a mala parecia pesar 798.432 quilogramas quando colocada nos ombros, e cerca de ¾ disso quando puxada. Pensei: “ai, fudeu!” Enquanto eu puxava a mala, que ia ficando cada vez mais pesada na medida em que eu andava e as roupas iam se amontoando umas sobre as outras, eu tentava me distrair analisando o barulho que as rodas faziam nos diversos tipos de calçada. Eu acabo me distraindo sim porque fico imaginando que pode ser o mesmo princípio que fazia as agulhas de som ecoarem as trilhas dos discos de vinil. Em Valadares mesmo eu já tinha fazia distinção de calçadas pelo som que elas produziam quando as rodas da minha mala passavam sobre elas. Confesso que essa era a minha grande distração no período em que eu viajei muito pela Escola. No entanto, após todo o peso decantar no fundo da mala, as mãos também começavam a doer devido ao tempo que os dedos ficavam pressionados contra o puxador de tecido sintético, que ia ficando cada vez mais fino devido, justamente, à pressão dos dedos da mão fechada faziam. O resultado eram dedos machucados e doloridos [Sim, eu revezava a mão direira com a esquerda, mas as duas já doiam – eu precisava de mais umas 18 mãos].
Quando chegamos à estação de trem de Reading, eu detestava quem tinha inventado a bolsa de rodinha, enquanto chegava à conlusão de que eu amava mais que tudo, o inventor da mala de rodinhas. [Inveja mortal do juninho.... sim, a dele tinha rodinhas, mas era mala!] Bem, mas como eu diziam chegamos à estação de trem de Reading cerca de 22h00, e tínhamos duas opções: ou pagávamos as £20,20 da viagem convencional, ou pagávamos £30,55 se a viagem ultrapassasse a meia-noite. [Como dito em outro post, compra-se bilhetes, na Inglaterra, que valiam para o dia todo, de qualquer lugar para outro, quantas vezes fossem necessárias, mas com validade automática para a meia-noite.] O segundo desafio havia se revelado: além de ter que chegar antes das duas da manhã, horário este cujas portas do aeroporto se fechavam [quem estava dentro ficava, quem estava fora também ficava, só que ficava do lado de fora]. Como eram apenas 22h00, decidimos por comprar os bilhetes convencionais porque eu levei 1h30 para fazer o trajeto.
Ih, acabei não dizendo que o Juninho comprou nossas passagens via Internet, e que o desconto para um determinado vôo era absurdamente convidativo – cerca de 60% de desconto, mas quando fomos bookar nossa passagem, descobrimos o porquê do preço: o vôo estava marcado para as 06h30 da manhã. Qual o problema? Bem, se levarmos em consideração: a) o fato de que o check-in para vôos internacionais acontecer com duas horas de antecedência, ou seja, 04h30 da madrugada; b) o fato de que o metrô de Londres parar de funcionar por volta das 02h00 da madrugada e voltar a funcionar somente 05h00, valia a pena chegar mais cedo e ficar lá mesmo pelo aeroporto afora, onde a temperatura era controlada e c) Não fazíamos idéia da hora em que o aeroporto abria – mas isto não era problema, já que ele tinha que estar aberto para o check-in do nosso vôo... mas claro que isso conta também porque era mais drama para a nossa aentura!
Pois bem, nosso tempo era controlado minuto-a-minuto. Na subida pela escada rolante até a plataforma 7, começamos a imaginar que até Paddington seriam uns 40 minutos, depois de metrô levaríamos outros 20 minutos e, com certeza, estaríamos dentro do último trem antes da meia-noite, quando os nossos bilhetes ainda seriam válidos, e com certeza, chegaríamos antes das duas da madrugada no aeroporto de Luton, com tempo de dormir ainda dentro dele antes do check-in. Na descida para a plataforma, avisto que a previsão de chegada do nosso trem era para 22h08, e que ele estava pontualmente chegando. Nossa felicidade acabou, no entanto, no minuto em que sentamos: a voz no sistema de som avisava que esse trem estava atrasado e que somente chegaria em uma hora. Nos entreolhamos com cara de origami e fomos pra outra plataforma em que estava previsto um outro trem com o mesmo destino para sair às 22h20. Só não falo que foi, de novo, o tempo de sentar porque levou uns minutos até informarem que aquele trem também ia se atrasar cerca de meia hora. Foi quando a cara de origami tornou-se cara de paisagem, e percebemos que não havia outra coisa a ser feita senão esperar e agradecer pelo fato que que, pelo menos, o trem chegou depois de não sei quanto tempo.
Refazíamos as contas até a exaustão, mas percebemos, da maneira mais dolorosa, que não adiantava: controle não era um dom humano. Aquela sensação de controle que se tem quando pergunta-se o que se pretende fazer na manhã seguinte e responde-se que vai pro trabalho ou que vai passear não passa de ilusão e que pode-se morrer durante o sono ou outro tipo de imprevisto ou força maior fazer a gente perceber quem manda... A mesma sensação eu senti quando chegamos a Paddington e descobrmos que justa e unicamente a circle line (cor amarela), que por um acaso fatal era a linha que nos levaria até Farrington estava desativada por tempo indeterminado, e que as pessoas que dela precisassem poderiam usufruir do sistema de ônibus ou redeterminar sua rota através do mapa do metrô. [pausa] Por um acaso você já viu o mapa do metrô de Londres? Acredite em mim: é pior do que eu estou fazendo parecer. Aliás, é fácil se locomover pelo sistema, mas o mapa dá um desespero tão grande quando visto pela primeira vez.... Sentamo-nos no chão e refizemos nossos cálculos, descobrindo que na Baker Street seria possível pegar outro metrô que nos levaria para Farrington. O problema era o tempo.... mas, enfim, pegamos a Bakerloo (linha marrom) e descemos na Baker Street, a tempo de correr para descobrirmos em qual plataforma ia passar o bendito do trem da Metropolitan Line (linha rosa) com passagem à Farrington... o problema é que não tinha ninguém para dar informações e passamos por quase todas as 8 plataformas até encontrar a nossa – tudo com o exú da minha mala junto de mim. Olhe o mapa do metrô e veja se não é desespeador!
Ufa! Chegamos em Farrington, mas agora o bicho era descobrir em qual plataforma o trem chegaria. Ao menos tinha quem nos desse informação dessa vez, e na plataforma 4 havia um monitor com a previsão da chegada do nosso trem... falei que eram 23h50 quando chegamos à Farrington? Não? E se eu disser que o nosso trem era previsto para chegar às 23h58? E se eu disser que eu não acreditava mais na pontualidade britânica naquela noite? Eu estava pronto para rodar a baiana se alguém me molestasse por conta de passagem na hora de entrar no trem, mas este, finalmente chegara exatamente quando previsto. Quando entrei no trem fiquei, num misto de alelúia e cansaço fiquei pensando se era aquela a sensação de um pré-infarto. Drama? Se alguém me dissesse que eu era dramático aquela note eu era capaz de matar! Matar com mordidas, uma colherada ou mesmo beliscões que fossem, mas eu juro que matava!
A continuação da viagem até que foi tranqüila.. chegamos à Luton e vimos cerca de 50 pessoas estiradas aeroporto adentro, pelo chão afora – alguns até equipados com colchõezinhos infláveis e mesmo os mats que eu usava para praticar yoga. O fato é que a cada minuto eu admirava mais e mais os práticos e despretenciosos europeus que comiam na rua, deitavam no chão do aeroporto, vestiam-se como queriam e agiam condizentemente com o que vestiam. Percebi que europeu não era apenas um estado geográfico de ser, mas um estado de espírito, principalmente. Aqui eles comem Mcdonald’s com as mãos – sem guardanapo, e agem tão naturalmente que eu fico com raiva da atitude hipócrita dos brasileiros que reparam nos cabelos [discriminando o caráter pelo penteado ou pelo fato de se ter uma tatoo ou usar brinco], reparam nos hábitos alimentares e se preocupam demasiadamente com as vidas alheias. Ah, lembrei do carnaval.... da hipocrisia do carnaval.... vende-se a iamgem de que o brasileiro é liberal e que aqui se pode tudo, mas sabemos todos que não é verdade. O brasileiro é preconceituoso: a mesma mulher que delicia os foleões é mal vista tanto por homens que as enxergam como piranhas [é como são vistas as mulheres liberais no Brasil, que são diferentes das prostitutas, que, ao contrário das piranhas, cobram sim pelo que fazem, mas são, na maioria das vezes, mais recatadas que aquelas na vida pessoal, e compartilham do sentimento discriminatório do rebanho]. E o nacionalismo de copa do mundo, que eu também chamo de ereção-nacionalista-matinal? As desbotadas bandeiras do Brsil com aroma de naftalina só vêem a cor do sol de quatro em quatro anos, e como Santo Antônio que, de castigo por não ter arrumado casamento para a “devota”, são condenadas à solitária quando o Brasil perde a copa... Na verdade passo a acreditar que não se vive melhor no Brasil porque preocupa-se demais em ver como vive o outro para se esquecer dos próprios problemas do que se esforçar para resolvê-los. No Brasil preocupa-se mais em mostrar o que se tem do que fazer para ter. Aliás, tem-se vergonha de trabalhar, no Brasil: muitos enfeitam os nomes dos seus cargos para que soem ocupados e importantes... tipo, subassessor adjunto de pseudo-planejamento de uma porcaria qualquer! Eu mesmo conheço gente que por conta do cargo que ocupam, mesmo infelizes, descontam os problemas falando de trabalho com os amigos e fazendo de tudo para converncer-nos (e a si mesmos, principalmente) de que são felizes... bobos.... esquecem-se de que a felicidade não é um estado fixo, mas a capacidade de contenplação de pequenos prazeres que podem se renovar a cada dia... não sei se tenho raiva ou pena dessas pessoas. Fiquei tanto tempo remoendo mágoas sobre o Brasil que resolvi remoê-las parte do tempo praticando yoga com o Juninho, e na outra parte escrevendo a agenda, até que as 4h30 chegaram e fos eu e o Juninho para a fila do check-in, que foi quase perfeito... A parte boa foi que me livrei, momentaneamente, da minha bolsa e ruim porque não observamos o peso de cada mala... para ser sincero nem procuramos saber o peso que cada uma poderia ter: achamos que fossem os usuais internacionalmente praticados 32Kg, mas eram vinte... resultado? Vinte e duas libras a serem pagas a mais. Mas tudo bem porque mesmo assim o valor da passagem ainda valia a pena!
Fiquei surpreso quando passamos pelo portão de embarque, quando fizeram a revista... primeiro que não se podia levar, como bagagem de mão, nenhum tipo de líquidos, nenhum tipo de gel, nenhum produto de higiene pessoal, isqueiro e nenhum metal – inclusive moedas! Além dessa precaução acerca da bagagem de mão, ao entrar tirava-se o casaco e junto da bolsa de mão, colocava-se na esteira inclusive os tênis! Depois disso o que sobrava do passageiro ainda era revistado por um guarda e depois passava por uma detecção de metais. Fiquei chocado sim, mas aliviado com o fato de que não tinha como nenhum terrorista lazarento me incomodar deixava-me feliz. Mas mais feliz ainda eu fiquei quando entrei no avião e me acomodei... mas como tristeza não tem fim; felicidade sim, eis que senta-se do meu lado um maldito indiano fedendo a suor velho com cecê. Era tão forte a catinga que eu fui forçado, naquele frio do cão, a ligar o ventilador em cima de mim ou eu vomitava! Ai, como eu desejava chegar logo à Itália – parte pela viagem, mas uns 95% por causa do fedor do caboclo! ...o Juninho só dormia! Mais uma vez eu sentia ódio mortal dele! [sentimento que eu me acostumei a sentir por ele, e que se intensificou exponensialmente quando pisamos no aeroporto de Bérgamo].
Minha passagem pela imigração foi mais uma vez uma traqüilidade absoluta: o policial me perguntou quanto tempo eu iria ficar e eu lhe respondi, em Inglês, que eu estava aqui para o meu processo de cidadania. Enquanto eu pegava os documentos na minha bolsa ele carimbu meu passaporte e me explicou, em Inglês também que eu tinha 7 dias para obter o Codice Fiscale, 15 para dar entrada no Permisso e aguardar. Mais uma vez ele perguntou quanto tempo eu pretendia ficar e eu respondi “o tempo que for necessário”, quando ele comentou: “se for sua intenção ficar conosco, serão cerca de 3 meses”. Gente, quem foi que falou mal da imigração mesmo? Não aceito! Virei fã! Já quero criar uma comunidade no orkut chamada: EU AMO A IMIGRAÇÃO! Ah, lembra que eu falei que as minhas malas sempre eram extraviadas nos aeroportos? Pois é... essa foi a única vez em que eu rezei para que ela sumisse e fosse entregue no dia seguinte no conforto da minha casa, mas a lazarenta estava me esperando na esteira... e mais pesada do que o costume! Eu quis chorar!
A sensação de que eu estava na Itália não era percebida somente por causa do calor ou por causa da língua, mas porque eu finalmente consegui usar os Euros que eu tinha levado. Meu sentimento de ódio pelo Juninho ia se intensificando enquanto ele ia se comunicando perfeitamente em Italiano com o povo... mas isso eu podia aprender, ou, em outras palavras, tolerar... o que eu não suportava era a mala dele que corria linda e suavemente pelas ruas enquanto a minha bolsa, saco, castigo, encosto, sei lá, ia ficando cada vez mais pesada para se carregar. Fiquei pensando se eu realmente fui tão mal na outra encarnação a ponto de merecer isso, mas a cada etapa vencida com o castigo que eu carregava comigo eu misturava a alegria de estar pisando em solo italiano com a certeza de que ia dar tudo muito perfeitamente certo, porque carregar a mala não podia ser apenas acaso... tinha que ser a preparação para algo muuuuuuito bom que ia me acontecer. Mas não, não era... quando chegamos na estação de Milano [sim, agora eu falo os nomes como eles realmente são... tenho uma birra quando mudam os nomes das coisas!], o trem de 11h18 estava atrasado e somente iria sair em duas horas. E adivinhe: tinha gente paraticamente caindo pelas janelas! Quando ia ter outro? Em duas horas! E o medo de o trem parado e lotado ser ser o que iria sair em duas horas? Ai, que meda!
Felizmente o trem lotado não era o nosso. Não tive condições psicológicas de fazer foto alguma por conta do sono e do ódio da minha bolsa, mas observei que, ao contrário da Inglaterra, a Itália é um país agrícola... bem, tirei essa impressão a partir da paisagem de Torino, e dos campos cultivados. Não me lembro de ter visto um boi sequer nos momentos raros em que eu acordava assustado com o som ensurdecedor dos trens que passavam do nosso lado. E o calor... ai, que calor! Eu já sentia falta de Reading e dos ventos frios da primeira parte da tarde... E por fim chegamos a Torino depois de cerca de 90 minutos de trem e eu tive que carregar aquele encosto de novo até o ponto do metrô. O sistema público de transporte deve ser mencionado agora: ao contrário da Inglaterra, o “bilheto” vale por horas determinadas... e pode-se escolher entre ônibus e metrô, que fazem o mesmo trajeto. Apesar do calor, é super simpático e funcional... ao contrário do Brasil! E enfim chegamos em casa: eu, o Juninho e a minha mala-exú. Eu cheguei a pensar que era hora de descançar... juro que pensei!
Eu quero deixar claro que este post é enorme porque eu resolvi escrever tudo o que aconteceu no intervalo em que eu fiquei sem dormir desde a nossa ida para a estação de Reading... mas acontece que eu não tinha dormido até então. E eu achei que ia dormir aquela noite e começar a mexer com a papelada da cidadania no dia seguinte, mas a papaelada me queria aquela noite mesmo. Ficamos sabendo que uma pane havia danificado o sistema informatizado da questura, e que as filas estavam imensas. Por isso decidimos que era melhor ir mesmo aquela noite, e que iríamos às duas da manhã, e a fila estava imensa! Lembrei das pessoas que precisam usar o sistema público de saúde no Brasil quando vi que umas 50 pessoas estavam na fila para um serviço que somente seria aberto ao público às 8h30. Eram todos extrangeiros querendo regularizar a sua situação, eram pessoas vindas, principalmente da Romênia, Marrocos, Albaneses, Chineses, Turcos... brasileiros... enfim, era mais gente do que eu esperava ver na fila. Aliás, eu pensei que a própria fila seria diferente, já que eu tratava de cidania. Eu confesso que já me sentia desmotivado com a Itália por causa do calor, mas aquela fila era o fim da picada, e eu me senti completamente xenófobo quando foi dando as oito e pouquinho da manhã e pessoas iam cortando a fila pelas frestas da barricada de metal desmontada, amontoando-se, fazendo algazarra, xingando... enfim, era um ambiente completamente selvagem e absurdamente contradizente para com o que eu esperava de um país de primeiro mundo... eu fiquei irritado com tudo aquilo! Chegou ao ponto de um marroquino quebrar uma garrafa para fazer alguma coisa... achamos que ele ia ferir alguém, mas pensou duas vezes e com a força que ia empregar para causar o ferimento, jogou a garrafa no teto da questura, que, par ao seu azar, ultrapassou-o e caiu no pátio, chamando a atenção dos guardas, que, furiosos, abriram a porta e ameaçaram não fazer atendimento se o responsável pela garrafa não se declarasse. Foi um bafafá até descobrirem quem era, que nessas horas já tentava sair de fininho, percebendo que aquilo não ia acabar bem. Acontece que o cara foi delatado e preso, mas na captura um dos guardas se feriu no pé e foi levado para o hospital, enquanto um segundo guarda acompanhava o marroquino até a delegacia. Como resultado da brincadeira, de cinco agora somente havia três guardas e, por isto, 40% a menos de senhas a serem distribuídas, e o pior, eu ficando de fora do atendimento, mesmo depois de ter ficado na fila desde as duas da madrugada!
Eu odiava a Itália mais que tudo na vida! Com a cara emburrada e morrendo de sono a gente foi embora. Mas ao menos fomos até a Receita Federal daqui conseguimos, numa questão de minutos, fazer o bendito. A sensação que eu tinha era de que em qualquer lugar, dinheiro facilitava as coisas, e como o Codice Fiscale tratava exatamente sobre isso, era de se esperar que corresse tudo correta e rapidamente, e marcamos para entramos na fila anda mais cedo: às oito da noite! Era uma questão de honra ser atendido daquela vez, mesmo que eu tivesse mais 14 dias para aquilo. Eu estava com ódio mortal da Itália... eu escolhia ver as coisas somente pelo lado ruim delas... e eu estava ciente disso! Foi então que o Juninho me levou para tomarmos sorvete... e foi uma experiência divina! Transcedental! Eu havia tomado o melhor sorvete da minha vida! Ponto para a Itália... aliás, quantos pontos fossem necessários. Eu poderia viver na Itália unicamente por causa do sorvete! Ai... sem comentários!
Foi então que chegou a hora de nos reunirmos na casa da advogada que me acompanha no trabalho com a cidadania. Era cerca de cinco e alguma coisa da tarde. Eu e outro brasileiro precisávamos do permesso, mas o Juninho sempre nos acompanhava [Fio, eu te amo, viu? Obrigado por tudo!]. Era hora de conversarmos sobre detalhes do processo e sobre como ele seria tramitado. Fiquei abobado com um detalhe que eu não tinha percebido... Bem, noo meio dos documentos traduzidos havia um que versava sobre a não-renúncia de cidadania. Eu pensava que era sobre eu não renunciar a minha cidadania brasileira, mas não... o bendito dizia, depois de assinado e legalizado pelo consulado italiano, que eu não havia renunciado à minha cidadania italiana! Que bafo! Na hora eu pensei em voz alta e me perguntei: “quem é que renuncia ou não à cidadania italiana?”. E a advogada diz: "apenas um italiano pode fazer isso! Este documento diz que você é Italiano.” E eu fui com novo ânimo para a fila, e com um colchão e com livro e com meu MP3 player e com baralho também. Eram 19h40 e a noite prometia ser longa, muito longa.
E mais uma vez estávamos eu, o Juninho, Altair (o outro brasileiro tantando a cidadania) e o Fabiano (companheiro da advogada), todos na fila, atrás de 19 pessoas... Sim... eram apenas 19h40 e já tinha mais de vinte pessoas na fila, contando conosco. Mas desta vez as pessoas na fila eram rostos conhecidos que não tinham sido atendidos no dia anterior, então nos armamos cheios de estratagemas para evitar que alguém sequer sonhasse em furar fila. Era muito terna a união que ia surgindo entre a gente, a fim de atingir o objetivo comum: listas eram feitas, a barricada de metal era remontada, enfim, o reconhecimento dos que estavam na fila era fundamental, principalmente entre os que estavam na área abrangida pela barricada, que já tinha mais ou menos umas 60 pessoas lá pelas uma e pouco da madrugada. Ainda tinha muito tempo pela frente e o enturmamento fazia com que vizinhos de fila jogassem baralho, conversassem, trocassem mantimentos: aquele sim era o espírito que eu pensava ser legitimamente Italiano. Inclusive, as cenas de bondade explícita me inspiraram a pensar que o pendor para o bem é uma limitação mutiladora da integridade vital. Sim, cheguei a conclusão que o bem mutila a integridade ao mesmo tempo que limita a vida, enquanto conceito. Sim, pois, se o bem é a busca pela perfeição, e é moldado com o tempo, a partir dos objetivos, poder-se-ia comparar, numa limitação tosca, que o bem poderia ser o lado positivo do Superego; isso faz com que o mal seja a Id, na forma mais pura do egoísmo, por contrariar o senso do bem-comum. Eu não enxergava outro motivo para que estranhos se aproximassem e tão bem se tratassem, senão por conta de um objetivo comum: era a famosa troca do livre-arbítrio [eu diria que o livre-arbítrio não passa de uma forma camuflada do egoísmo], em prol da proteção que somente o bem-comum pode proporcionar. E isso é ruim, afinal? Por isso as pessoas se arrebanham?
Ainda na fila tentava-se descobrir o motivo pelo qual a fila estava tão grande todos os dias. Chegou-se a pensar que era por causa das férias [Torino é uma cidade fantasma! Tudo e todos estão fechados para férias... Nunca vi isso na minah vida!], mas era muito improvável que todos os componentes da fila estivessem gozando férias, mas não.. a explicação mais plausível veio quando foi mencionada uma anistia para os imigrantes que estivessem legais, prevista para acontecer daqui a não sei quantas semanas. Não era apenas instinto de sobrevivência... era novamente o pendor para o bem, sobre o qual eu falei agora a pouco. Eu ainda podia pensar por horas ininterruptas, mas a fome chegara e eu precisava comer alguma coisa. Foi então que o Juninho me apresentou ao Kebab – o fast food local.
O Kebab era uma refeição de origem turca, e consistia num hambúrguer modificado [Risos... lembri da Madame Sheila de novo!], feito com pão sírio, recheado com vegetais, maionese, pimenta e diversos tipos de carne assada cortadas bem fininhas. Parece simples, mas o negócio é absurdo de bom! Minha vontade era de comer Kebab com sorvete pro resto da minha vida! Voltamos para a fila e fiquei divagando sobre um monte de coisas sobre as quais eu estou morrendo de preguiça de escrever agora, mas que um dia vão reaparecer na minha cabecinha ansiosa e vão parar aqui no coitado do blogger. Acontece que eu estou cansado e acho que a minha intenção de fazer durar um post o tempo que eu fiquei acordado atingiu o objetivo; por isto a vontade de escrever simplesmente que a manhã chegou.... e com ela os mesmos abutres que queriam furar a fila, mas que não conseguiram desta vez porque haviamos nos organizado... e eu consegui dar entrada no permesso e todos ficaram felizes para sempre. Mas esse não é o meu feitio... não, não, não.... definitivamente não é a minha cara fazer isso! Justo eu que, como Joana, estou fadado a ser sozinho porque não aceito os meus limites apesar de saber que não posso superá-los. Eu sei que a minha birra com os rótulos não passa de um briga tola, porque apesar de os odiar, eu preciso deles... e justamente essa dependência me faz odiá-los porque por conta deles tudo o que eu conheço de mim eu conheço através da tradução alheia... Ok, eu vou parar por aqui porque estou me sentindo um lixo hoje. Não... lixo é muito luxuoso pro que eu sinto. Deixa eu ir embora... Vou sumir por uns dias.
20.8.06
A caminho da Itália!
18.8.06
Depois do SHOW!
Definitivamente eu nunca vou me esquecer da primeira vez que eu vi a Madonna.. e nem da segunda.. e nem da terceira, da quarta... e assim por diante.
Yes, I have confessed!
P.S.: Como a Lu fez falta aqui!
The night is youg, and the show has just began...
Apesar de o show ser cronometrado, ela conversava, xingava, brigava com os fumantes, pedia pra a gente gritar, pular dançar – e ela ia junto! E o melhor: ela não deixou de ser um mito depois de eu ter ficado frente-a-frente com ela, apesar de eu ter conseguido humanizá-la. Isso foi bom porque percebi que se eu admiro tanto um ser humano sendo um também, eu posso tudo!
Em vez de comentar o show, vou mostrar as partes que mais me marcaram.. e não, isso não é todo o show, viu? Para ver os vídeos, clique na seta (play) sobre aquele que desejar.
Antes, uma foto do show no dia 13.
Agora a mesma feita no dia 15.
O Juninho fez as fotos do dia 15... depois de ver as fotos eu tive a ligeira impressão de que ele tem mal de parkinson!
Eis a abertura do show com FUTURE LOVERS. A abertura é marcante por motivos óbvios... show a parte!
Fiz uma foto muito legal desse número no dia 13.
LIKE A VIRGIN é um clássico. E logo depois de cantá-la, Madonna revela que "essa não é uma musica sobre sexo: é um amusica sobre sobrevivência"!
Agora a parte polêmica do show: LIVE TO TELL. Deixe-me dizer a verdade... a polêmica da cruz e os protestos católicos podem ser compreensiveis sim, mas se o preconceito não fosse tão grande, as pessoas que criticam veriam que a mensagem por trás é muito, mas muito linda. Digna, inclusive, que quem ela quer mencionar.
ISAAC me deixou perplexo porque era uma música na qual eu não apostava, mas a metáfora da Id na jaula e do confronto com o desejo me fez pensar muito. Além de que eu me acabei de dançar nessa hora...
Em SORRY eu tive, pela primeira vez, a impressão de que a Arena ia cair. Todo mundo canta, gritava, pulava, dançava...
MUSIC... Ah, MUSIC... Ou MUSIC INFERNO? Deus! Eu não sabia se me sentia dentro de Embalos de Sabado à Noite ou dentro de um show do ABBA. Imperdível! Tem capacidade para ser o melhor numero do show! A mulher pegou Disco Inferno e enfiou Music dentro... Primeiro a abertura...
Agora o número em si.
HUNG UP era o momento pelo qual a maioria esperava. Foi outro número no qual eu achei que a Arena ia cair...
A segunda parte de Hung Up. Ela interage com o povo até literalmente desaparecer por destrás de um telão.
Madonna - 15/08/06.
Madonna - 13/08/06.
Puxando um pouco pela memória, lembro-me que tudo comecou em 1993 quando ela veio, até então, pela primeira e única vez ao Brasil. Seria fácil resumir que, falulosamente, depois de 13 anos se passarem aqui eu estou hoje, e todos viveram felizes para sempre... mas seria injusto para com os incontáveis colegas e amigos que sofreram horas e horas não sei quantas vezes ouvindo o mesmo CD ou vendo o mesmo show até a exaustão. Mas o Post não se trata de como eu vim parar aqui na Europa, ou das pessoas que odeiam Madonna por minha insistência, mas sobre como eu fui parar não em um show, mas em DOIS shows da Madonna!
Acho que também vale a pena falar sobre a famigerada compra dos ingressos... era abril de 2006 e as datas do mês de agosto tinham sido anunciadas. Paris tinha sido colocado a venda uma semana antes e cerca de 50.000 ingressos foram vendidos em 15 minutos. Era preocupante... se eu levasse mais que meia hora eu poderia ficar sem meu ingresso! Eis que na data marcada eu entrei na Internet – convem dizer que eram 6h00 da manhã no Brasil e eu enrolado no cobertor, cara de sono, olheiras se arrastando no chão, fui fazer a compra do bendito. O site congestionou e 10 minutos depois eu consegui entrar: as 6 datas tinham se esgotado, ou cerca de 80.000 ingressos! Cabisbaixo eu fui trabalhar, mas já estruturando um plano que resultasse num estratagema que me garatisse ao comprar ingressos na portaria; eis então que me liga o Juninho louco de desesperado dizendo que tinham anunciado outras duas datas. Corri para casa mais louco de desesperado ainda e consegui comprar nossos ingressos para o segundo dia porque o primeiro deles também já tinha sido esgotado.
Vamos agora adiantar o relógio e me ajustar no ponto em que de-repente estou do lado de fora do Wembley Arena como Izalty e o Juninho, mais ou menos às 19h00 do dia 13 de agosto de 2006. Tocava, obviamente, Madonna nas caixas de som – músicas novas e antigas, centenas de pessoas se aglomeravam em frente a lojinha de lembranças, outras tantas faziam fila em frente ao box office para pegarem seus ingressos, não sei mais quantas faziam gracinha na fonte e outros se degladiavam para fazer uma foto com as mãos da tia.
Fizemos o possível para vender o ingresso, mesmo sem o Izalty que já estava dentro da Arena. Falamos com o Glayson por telefone e resumimos o acontecido: ficamos no impasse de vender o ingresso dele por £10,00 para um cambista, mas para isso precisaríamos da sua permissão. Segundo o que eu fiquei sabendo, ele precisava das £120,00 empregadas no ingresso, e por isso eu não poderia ficar com o mesmo. Acontece que, como eu disse, estava complicado vender, e em vez de perder o dinheiro empregado, ele resolveu negociar comigo mesmo, e o Glayson acabou me cedeendo o ingresso dele. [Pausa] De acompanhante eu fora promovido a expectador! Eu não esperava essa mudanca nos planos! Ei, eu gosto de rotina, de saber o que vai acontecer, e meu ingresso era pro dia 15... o que eu ia fazer lá dentro! Enquanto eu ainda estava NUMB, o Juninho, contrariando o aviso de proibicao de cameras, ia enfiando a sua câmera – menor que a minha – no meu bolso e dizia que ficaria por perto caso ela não pudesse entrar. Eu ia sendo conduzido como um objeto inanimado até a entrada nordeste da Arena. E na medida em que eu via a fila para a entrada, meu coração palpitava mais aceleradamente e foi com uma cerimônia deliciosa, um misto de realização e audácia que abri os braços para a detecção de metais e a revista e ainda em câmera lenta eu.... passo direto para a Arena, depois da devida revista, e inacreditavelmente, com câmera em mãos!
Foi então que eu parei por um instante e percebi que dentro de minutos eu e ela estaríamos mais próximos que, até então, nunca! Eu andava em câmera lenta e via no rosto de cada pessoa lá dentro – desde as que se amontoavam na fila pra cachorro quente, até aquelas que choravam – a satisfação pessoal que lhes era permitida, ou talvez mesmo querida. Pensei em quantos lá estariam na mesma situação que eu estava, quantos amavam o trabalho dela, quantos estavam lá porque não tinham outra coisa pra fazer... mas daí eu lembrei que os ingressos acabaram em 10 minutos depois de anunciados, e tive certeza: todos que aqui estão, queriam estar aqui sim. De certo modo, todos sonharam em estar aqui!
Ficamos, claro, com muita pena do Juninho, mas ninguém tinha dinheiro para comprar outro ingresso, e ele concordou em nos esperar do lado de fora enquanto dava umas voltas. E, afinal, dentro de dois dias ele veria o show também... acompanhado de mim! E foi nessa hora, no caminho pro meu assento, que eu percebi quao sortudo eu era: veria dois show da Madonna! Quando achei o Izalty ele me deu um abraço e disse estar muito feliz por um amigo o acompanhar.. afinal, que graça teria se nao tivesse ninguém conhecido do lado pra fazer comentários?
16.8.06
生日快樂
Ladies and gentlemen, the late, Marilyn Monroe!
P.S.: Para quem nao fala chinês, [eu me incluo na lista] 生日快樂 significa Happy Birthday!
Como se fosse ontem...
Ei, calma! ...mas foi ontem!
Foi ontem que vi sua madgestade, Madonna, em pessoa!
Farei um post decente e digno dela, e de todos esses... hummmm... deixa eu ver... Putz! Faz 13 anos que eu acompanho a tia! Eita! Desde 1993, quando ela veio ao Brasil com o Girlie Show, e a Antárctica - patrocinadora oficial da aparição no Brasil bolou o chavão:
"Antárctica, uma paixão nacional traz Madonna, uma paixão mundial",
que eu estou sintonizado com ela... a tia!
O tempo passou e o Igor - meu primo, desgostou. Eu, no entanto, continuei e aqui estou... Cheguei a ficar com crise de cosnciencia por ter realizado um sonho, e tornado-a humana, por ter desmistificado a estrela, vendo-a em pessoa... mas não, meu sonho apenas se tornou mais apurado, como minha vida apurou-se de uns dias prá cá!
14.8.06
Happy Birthday!
11.8.06
Depois do Inferno, dois quilômetros de jipe...
8.8.06
Ballad of Cleo + Leo!
7.8.06
Have You Confessed?
6.8.06
Déjà Vu!?
Mas antes eu acho que eu devo me situar da geografia local porque eu estava completamente perdido ontem, sem saber se ia pra note, sul, leste ou oeste! Não sabia nem para onde eu estava indo. Então vamos do começo: eis o mapa da Inglaterra.
Mas continuando, fui parar na cidade de Brigthon ontem, que fica no condado de East Sussex - marcado com 3, no mapa.
Então, vamos a história? Já me acostumei a elas... Fico até triste quando elas não aparecem, acreditam? Pois bem, eram 8h00 da manhã quando saí de casa, falei tchau pro Izalty e fui até a estação - ele me dissera que tinha trem pra Londres de meia-em-meia hora, então eu poderia chegar a qualquer minuto porque, na pior das hipóteses, eu teria que esperar, no máximo, meia hora prá que outro trem saísse, certo? Claro que a resposta era "certo", né? Adivinhem quanto tempo fiquei esperando até que outro trem chegasse? Sim, exato... meia hora! Olha a cara do bicho!
déjà vu é o nome que se dá a sensacão de já ter estado ou vivido uma situação antes... como se você se lembrasse de ter visto aquilo em algum lugar.
Olha eu lá!
Mas antes de irmos até ele, acabei fazendo uma foto bem cara de debutante na praça, mas já que sou turista tudo tá valendo mesmo! E cala a boca quem falar que ficou brega: eu sou brega na Inglaterra, tá? E como turista, viu? A-PE-NAS turista! Humpf! - ao menos por enquanto [depois eu tomo jeito!]
Acontece que eu nao fiquei satisfeito com o lanche e resolvemos comer mais. O Will e o irmão foram na linha mais leve, com frutas - bem natureba... eu quis mergulhar masi um pouco ainda na vida do povo de lá e resolvi ir de fast food. Nota: Nos Estados Unidos o fast food mais tradicional é o hamhúrguer, né? Adivinha qual e o fast food que e a cara da Inglaterra? Tente adivinhar antes de rolar a barra abaixo...
Isso na minha mão [que infelizmente também se vê dentro da minha boca] são fish and chips: peixe e batata fritos! Eu já sabia antes de embarcar, mas é ou não é curioso o povo comer peixe com batata frita quando se tá com pressa, ou quando se sai de noite pelas ruas... Eu comia hambúrguer também... mas qual é a fast food cara do Brasil? Boa pergunta!
Bem, mas o que eu não sabia que quando comprei meus fish and chips eu teria que travar uma luta ferrenha com elas!
Sim, sim.. as gaivotas lá são muito prá-frente! As gaivotas estão em todo lugar e até comem na mão dos visitantes! Se não tomarmos cuidado elas dão um rasante e pegam a comida do nosso prato sem a gente nem ver.... Tive que comer olhando pra cima e pros lados porque elas atacam de todos as direções! Eh uma loucuuuura [ai, que saudades da Madame Sheila!]. Eu mesmo vi, mais tarde, um pobre dum indiano tendo que comer uma batata, jogando outra prá longe na esperança de que elas o deixavam em paz, até que um bando, ou uma corja, ou máfia ou uma quadrilha de gaivotas roubou a comida do pobre, que teve que sair de perto senão eu acho que era perigoso comerem ele também!
Depois de satisfeitos, descemos até a praia propriamente dita, mas apesar do sol forte e do calor, ventava muito frio e a agua, por estarmos bem ao norte [lembrar que a próxima faixa de terra em linha reta, ao norte, e o próprio pólo norte!]. Fiquei decepcionado também com o que eu acostumei a sentir como terra, na praia... a vantagemd e não ter terra é que não entra na sunga, e nem suja a roupa quando se senta, mas olha o tamanho das pedras [em relação ao meu pé] que são o chão da praia....
Olha minah cara de destruido na praia de Brighton.
Bastante curioso é, também, o fato de que a mesma praia é frequentada por quem está de sunga, maiô, burca, terno, calça jeans, sem camisa, com camisa, e sem roupa nenhuma... eu fiz parte, como se pode ver, do grupo dos vestidos! [A água é fria mesmo, gente... eu juro!]
Passamos os últimos minutos em Brigton sentados na praia e conversando sobre o futuro. Eu, pessoalemtne, fiquei pensando em como seria se comigo lá estivessem o meu pai, a minha mãe e a Lu, por perto. Por causa deles escolhi, no meio de milhares, uma pedrinha que simbolizaria a minha viagem até lá - e que vou mandar para eles. Olhei pros lados e vi que eu não era o único a procurar por tesouros: uma chinesa procurava por penas de gaivotas, um provavelmente alemão catava conchas e um sei lá o que usava um detector de metais sobre as pedras.... Mas de qualquer maneira, todos nós tínhamos o mesmo objetivo: fazer fotografias em quatro - ou mais - dimensões.
As dimensões usuais são 3: a altura, a profundidade e a largura, mas Einstein introduziu o tempo como sendo a quarta dimensão, com a Teoria da Relatividade. Só que matematicamente as dimensões podem ser infinitas, em vez de sete, como li outro dia quando estudava com a Cida a Teoria das Cordas. Sim, outra vez o infinito veio até a minha cabeça... e me imaginei
de que vale a pena o infinito virtual se a percepção da realidade é finita? Ou que, apesar de eternos, somos todos condicionados a perceber o mundo até o limite do nosso conhecimento? O infinito me choca! As dimensões me chocam....elas em chocam ou me tocam?
A verdade é que eu nunca teria imaginado essa praia. Eu poderia, mas nunca seria essa praia... e dei graças pela tecnologia que pode fotografar, mesmo que em apenas duas dimensões, a praia que eu vi onte, e que eue vejo agora nas fotografias. E sim, o tempo é relativo, mas chegou a hora de irmos pegar o nosso ônibus de volta. Eram 20h00. Notamos que o motorista que nos trouxe estava disponível, mas nem precisa dizer que corremos dele e pegamos outro do ônibus que vinha pra Londres. E adivinha quem estava dentro do nosso mesmo ônibus de volta: as garotas que ajudaram o motorista a chegar em Brigthon! Desta vez acabamos conversando e descobri que uma delas - a Francesca - é italiana e mora em Turin! Ah, e usa aparelho nos dentes também! Que coisa, né?
Acabei dormindo outra vez, mas eram apenas 21h30 quando chegamos até Londres, na Estação Victoria e seguimos a pé até Vauxhall, onde fiz uma foto dos famosos ônibus de dois andares de Londres.
Por fim, peguei meu trem na estação de Claphan Junction que estava marcado para às 22h58 [acreditem, a pontualidade britânica funciona] e cheguei a Reading 00h15. No caminho de casa o Izalty me liga prâ saber se estava vivo e me pede pra ligar quando estivesse perto de um pub onde vamos freqüentemente. Comemos, rimos das nossas histórias e dormimos. O domingo era dia para outra história. Mas mesmo assim ainda era tempo para ver que eu ficara bronzeado! E olha que a Inglaterra era o último lugar que eu pretendia ficar bronzeado! E viva as supresas!