24.9.08

Grudento e Docinho




Tudo começou em 1993...



Depois disso, entre muito dinheiro gasto, muitos bos amigos e muitas alegrias, outra surpresa no dia 11 de setembro de 2008 no Estádio de Wembley: Stick & Sweet Tour, que – curiosamente, vai baixar no Brasil em dezembro.


Eu não preciso dizer que o show foi absurdamente fantástico e que eu não vou me esquecer nunca, então vamos aos detalhes:

Tudo começou em junho, quando comprei os ingressos pra mim, pro Izalty e pro João. Não compramos apenas ingressos VIPS, mas HOT TICKETS, com direito a ficar no Golden Circle, e a entrar no estádio duas horas antes dos próprios VIPS... Fora os mimos que chegariam em casa, tudo viria pelo correio. Dou credito ao Izalty pelas fotos:


Dias antes premeditamos maneiras de garantir os melhores lugares possíveis, e a melhor maneira era chegar bem cedo ao estádio. Pois bem, o show não tinha hora exata pra começar, mas era praxe esperar pelas 21h30... se bem que o horário do início do show não tem muito a ver com a hora de se chegar ao estádio – principalmente em se tratando de show da Madonna, e chegamos às 10h00 da manhã. Acontece que, pasmos, vimos que só na fila pra pegar a pulseira de acesso pro Golden Circle já havia mais de 100 pessoas – e os guichês abririam ao meio-dia...
Devidamente portando as nossas pulseiras, fomos pra nossa fila e pasmos percebemos que menos de 50 pessoas estavam na nossa frente. Separados por uma faixa de segurança, uma rua inteira, e outra faixa de segurança havia cerca de 500 VIPS amontoados – uns com cobertores e travesseiros, que possivelmente dormiram no local.



Passamos um dia inteiro super descontraído, rindo muito, queimando a boca com chocolate quente, cantando versões em Português pras músicas da Madonna, indo e voltando do banheiro, e no fim, nos amontoando pra passar pela roleta. Ah, a roleta... fiz uma espécie de barricada pra ter certeza de que todos os amigos passariam juntos: Izalty, João, Luciano, Rafinha e Wender.... era o sonho! Passamos pela roleta, e, cercados por seguranças que não permitiam que corrêssemos, andávamos a passos largos e vigorosos, quando um gritou: Cadê o João? ...ele tinha ficado pra trás, deixado com que dezenas passassem a sua frente.

Em dado momento não permitiram que ninguém mais avançasse nem mais um passo porque a Madonna ia passar o som... foi ótimo! Apesar de não a ver, ouvimos toda a passagem de som. Foi ainda mais sádico, visto que todos cantavam junto: era um dia de festa pra todos.

De volta ao fluxo, chegamos em frente ao palco e nos acomodamos... O Bruno, depois de resolver os problemas com os eu ingresso, chegou com a Vanessa e a festa ficou completa. Esperamos o show começar e o resto é historia!


P.S.: Da próxima vez eu fico ainda mais perto.... mais perto do que os 8 passos de distancia em que ficamos dessa vez!

1+1=2


Eu não acredito em alma gêmea ou em outra metade: eu acredito que 1+1=2.

Eu costumava achar que os meus relacionamentos foram frustrados porque terminaram de forma estressante. Mas por um acaso existe alguma forma não-frustrante ou não-estressante de se terminar um relacionamento?

E quanto a amaldiçoar os relacionamentos porque eles não vingaram... idiotice! De quantos relacionamentos vitoriosos se precisa? Eu digo que apenas um. É como o famoso axioma: você sempre encontra algo no último lugar em que se procura.... era pra soar sarcástico, mas desde quando você continua a procurar por algo se você já o encontrou? Você SEMPRE vai encontrar alguma coisa no último lugar em que se procura.

Doméstica

Tem um momento na vida em que deixamos de sermos nós mesmos. É quando grande parte dos problemas são resolvidos e tramas são sanadas – e outros não surgem com a mesma freqüência! É difícil ver a nova pessoa que surge dessa faxina. Eu tendo a ver essa pessoa como um ser banal. Outras vezes eu a vejo como apenas um ser diferente... e, afinal de contas, não é sempre fácil lidar com o novo – especialmente quando o novo não dói.


Eu acabei de me lembrar da Alanis, da Tori e da Madonna... elas mudaram: a Alanis foi pra Índia, a Tori teve uma filha e a Madonna encontrou a cabala... Eu prefiro dizer que elas foram atingidas por um golpe de graça do que dizer que elas ficaram, de certa forma, “chatas”! Seria isso o resultado da vida doméstica? Paz é isso? E isso é bom? Eu não digo que elas deveriam sustentar a minha infelicidade, mas é que, por outro lado, eu não sei como é que se aceita a paz! Ou pior: o desafio maior seria aceitar que a felicidade é possível? Mesmo que indefinível, a felicidade é possível?


A pessoa se acomoda e dá de presente a outra a sua solidão. É uma espécie de resignação sim! É meio triste... É a perda da individualidade – sim, exatamente isso! É com medo e pesar que eu vou deixar de ser eu – ou o personagem que eu criei pra mim... porque, apesar de ser possível mentir pra si mesmo, ser coerente com a verdade em que se espera que os outros acreditem não é tarefa fácil...


E o meu medo nem é da vida doméstica não! Meu medo é o de me tornar trivial! Em vez de me tornar Alanis, Tori ou Madonna, eu queria saber como me tornar os Beatles depois da Índia, Beatles depois dos filhos, ou Beatles depois da espiritualidade...


É por medo de não ser livre que eu tirei os meus bonecos da caixa!

Nêmeses



Há uns dias atrás eu me encontrei com o meu nêmeses. Ele foi o grande amor da minha vida e responsável por muitas – mas muitas das minhas neuroses. Os que me conhecem razoavelmente bem já ouviram o seu nome e a nossa história, e conectam a minha insegurança à sua memória. E há duas semanas, depois de dez longos anos, eu estava sentado do lado de fora do Tussauds, ouvindo “8 Easy Steps”, aguardando por ele. Eu fiquei nervoso, tive dor de barriga, falta de ar e ataques de pânico – sem contar com os diversos momentos em que eu quis fugir!

Há dez anos eu recebera um e-mail criticando o Inglês dos textos do meu site: de início eu fiquei indignado com a provocação, mas em pouquíssimo tempo, eu estava completamente apaixonado. Foi uma história de amor trágica e intensa – digna de tragédia! Até hoje eu não amei ou fui machucado tão profundamente... e em minutos eu o reencontraria. Ele estava dentro do museu de cera fazendo turismo. Eu não quis me juntar a ele, e, por telefone, disse que chegaria mais tarde e que o esperaria do lado de fora.

Pois e então? Nós nos veríamos sim, mas e depois? Passaríamos o dia juntos ou não? Eu não sabia se eu me sentiria confortável perto dele. Eu não o odiava, mas quanto a saber se eu me tornaria uma fonte de emoções, eu não tinha idéia... Enquanto decidia se apertaria sua mão ou se teria coragem de ensaiar um abraço, eu olhava pros lados e todos se pareciam com ele. Na verdade eu não me lembrava mais dele, mas apenas das fotos que eu tenho no meu relicário. Cada um dos que tinham sua cara me interrompiam o ensaio das palavras que eu diria depois de dez anos. “You Oughta Know” tocava ao fundo e eu levantei a sobrancelha quando percebi – mas não era mais o caso.

Dois anos antes nos encontramos no Orkut e exorcizamos, de certa forma, a bagunça que rondava as nossas vidas. Eu não entrei em detalhes, mas nem ele sabe que eu não consegui levar minha vida adiante depois que peguei o avião de volta pra casa: de inicio tudo era triste, e depois a tristeza cristalizou e se tornou uma carapaça. Eu vivi esse tempo todo sob a sombra monolítica do meu inseguro e cristalizado coração. Eu confesso: achei poeticamente justo o golpe que ele sofrera em Paris – a historia se repetir, e caçador se tornar a caça foi saboroso. Mas eu também sabia o quanto dói, e, no fim, senti foi pena dele.

Os minutos pareciam horas e eu me levantei e fui pra porta do metrô: eu queria ir embora e deixar tudo pra trás! Seria a derradeira vingança... mas eu não me perdoaria jamais por ter perdido a chance do confronto. Nesse momento eu dei conta de que eu tinha o poder de simplesmente não aparecer, e de um jeito meio torto, eu criei forças de não sei onde, e voltei pra o Tussaud ao som de “The Couch”. Minhas mãos suavam enquanto eu ensaiava o que dizer, e quando eu achava que finalmente havia uma linha de raciocínio razoável, o telefone toca. Era ele. Eu olhei para a saída do museu e, de costas, havia alguém com o celular nas mãos... eu me levantei, engoli o coração e caminhei em sua direção. A sua voz sorria e eu não ouvia mais nada a não ser o que vinha do telefone. A cada passo meu a sua voz sobressoava ao telefone: ele não parava de falar... Criando coragem de um bandeirante, eu desbravei as suas frases e disse: estou atrás de você, olha pra mim!

Foi ele quem se jogou sobre mim dizendo: “Mininu!”, e me abraçou, e me beijou o rosto. Ele sorria com cada poro do rosto, e foi naquele momento em que ele se tornara humano outra vez. E foi naquele mesmo momento em que eu me desarmei e desliguei o I-Pod...

Passamos o dia juntos: eu, ele e os seus deliciosos amigos. E nos reconciliamos. E sorrimos juntos – como há dez anos. Eu era o dono do mundo e eu podia tudo: mas internamente, porque por fora eu era apenas o que eu me preparei por longos dez anos...

Logo quando nos vimos, ele apontou pra a cabeça e disse que os cabelos o haviam deixado. Eu me lembrei de quando ele estava lá em casa no Brasil, ele dizia que a calvície era um dos piores pesadelos... e eu respondi: “não liga não, o meu também está raleando!” Ele me olhou de cima abaixo e disse: “Para com isso, você está ótimo!” Outro momento que me tocou muitíssimo foi quando, na porta do banheiro da London Eye, eu tentava me recuperar do dia... todos eles estavam no banheiro e eu, do lado de fora, andava de um lado pro outro, tentando digerir o que quer que estivesse acontecendo, percebi que eu estava feliz... eu estava feliz! E sorri! E na medida em que iam se recompondo, cada um dos amigos dele saíram do banheiro e seguiam em direção das escadas para voltarem pro nível da rua, e ele, subindo do meu lado, me abraçou e disse no meu ouvido: “eu estou muito feliz por termos nos encontrado. Você está milhões de vezes mais bonito do que há dez anos... mais ainda do que eu me lembrava.” Eu não sabia o que dizer... eu não sabia nem sequer se deveria dizer qualquer coisa... Eu não sabia nem sequer se eu queria dizer alguma coisa! Se o tempo pudesse ser congelado em fotografia, eu gostaria que aquele momento fosse uma das fotos do meu obituário... Na falta das palavras, eu o abracei e muito carinhosamente – e agradecido, eu o abracei. Eu estou livre!

Colcha de Retalhos



“O problema da liberdade e do conhecimento é que depois que você os experiencia, algo muda e ‘aquilo’ passa a fazer parte de você... e como a vida seria se não fosse mais possível atingir ao mesmo nível de liberdade e utilizar tal conhecimento? Namoro? Stick Tofee Pudding? Qual a diferença?”

“Epifanias são orgasmos? Seria possível comparar as suas epifanias com as epifanias dos outros – ou mesmo comparar as suas próprias?”

“Tem algo mágico em ser livre. É complicado porque sempre se quer mais. É como ser feliz – note que liberdade e felicidade são conceitos antagonicamente independentes! É como estar no SoHo sozinho tomando um Cosmopolitan e olhando para as pessoas. Meu corpo é puro sensações! Estou aberto as experiências! Hoje eu sou o que quer que eu seja!”
“Eu estou num daqueles momentos em que tudo é ruim, tudo é feio, tudo é chato. Devo estar em contato com o meu mais primário ‘eu’. É hora de arrumar o quarto: tudo é insosso.
Não chega a ser vazio, mas tem um quê de entediante. Não tenho interesse por nada, não tenho paciência com nada. E não quero aceitar que a resposta seja tão simples como: medo. ...e não é! Agora que eu pronunciei, a pseudo-resposta me soou tão simples. E seria, de certa forma, bom que fosse – pra variar. Ao menos eu saberia o que me incomoda – apesar de não resolver o problema...”

“Quando as pessoas nos vêem, elas enxergam quem somos ou o nosso potencial? Elas enxergam o que eu não sei ainda? Ou elas somente vêem o que elas são capazes de enxergar em si próprias?”

“O que é ápice? O que vem depois dele? A felicidade é ‘um’ ápice, ou ‘o’ ápice? Como se reproduz um ápice?”

“De vez em quando eu me sinto meio máquina: eu ligo e desligo. Eu ligo e desligo as minhas emoções.”

“Sempre que eu chego ao fundo eu me olho no espelho e a resposta aparente para os meus problemas acaba se resumindo na aparência, e eu imagino que o mundo seria melhor se eu fosse atraente. Bulimia? Anorexia? Racionalização? Aonde reside o problema, no fim das contas?
Numa análise (ou seria outra racionalização?) eu entendo que o reflexo acaba sendo o real problema – e não a aparência em si. Seria muito presunçoso pensar que, talvez, realmente, que o inferno são os outros? Mas se Sartre estivesse correto, aonde o meu ego se infiltra no contexto? – eu sempre achei que eu estivesse do meu lado! Alias, a partir de quando (ou do quê) o ego e a auto-estima se desconectam?”

“Eu vivo do meu personagem! Eu o moldo de acordo com minhas necessidades – de tal forma que ele não é nem mais uma terceira pessoa: ele sou eu! É como eu me faço atraente...”

“Eu tento me distrair do quê? EU evito a inércia para que alguém não veja alguma coisa.... mas de quem eu fujo?”

“O dia está muito calmo hoje... A verdade espera pelo silencio absoluto para emergir e não ser confundida com nada mais. Nessas horas é que eu acredito no Deus – quando a verdade tem cara de epifania...”

“Status e tudo mais o que pode ser definido com palavras é insatisfação! Nota: engolir o orgulho e ser feliz! (tente definir felicidade....) Eu só confio no que não pode ser definido!”

“Como acreditar nas verdades? Como a psicanálise trata os problemas quando se encontram as causas e/ou os mecanismos? Posso dizer que, no entanto, se o problema persiste, a causa ou não foi realmente encontrada ou outro problema tomou o lugar?
Enfim, a pedra filosofal do momento é: como conciliar o existencialismo com o espiritismo?!”