27.12.09

Medo

Hoje é natal.

Sim, outra vez.

E eu estou exumado fantasmas.

Esses dias eu andei pensando na Graciela. Ela desapareceu. (eu também)

Eu me lembro da reação que tive quando o Gustavo me... Eu não consigo pensar numa palavra justa pra ocasião, mas ele o fez. E depois disso eu não mais a vi. Depois de tanto tempo em que nos dávamos. Talvez ela se sentisse traída. Não pela verdade, mas pelo medo que eu tinha dela.

Mudança.

Ele diz que eu mudei.

Eu estou indignado!

Todo mundo muda, mas eu não aceito que justo ele me diga que eu mudei.

Porque a palavra mudar implica julgamento.

O dia bom.

Acordei feliz, sorridente, fui trabalhar.

Tive um dia muito bom, muito produtivo.

Esta tudo bem, tudo... perfeito.

E eu levei roupa extra porque eu ia me trocar pra ir ao cinema depois do trabalho.

Eu iria me levar ao restaurante, comer uma refeição deliciosa.

Então eu terminei o trabalho e troquei de roupa.

Eu me perfumei e caminhei alguns metros na direção do shopping.

No meio do caminho eu disse: Não!

Imediatamente eu dei meia-volta e fui pra casa.

Matulão

Eu não sei o que é.

É uma sensação boa.

Quando eu me libertei eu descobri Guarapari, eu redescobri as minhas primas e as boas lembranças de um tempo em qu eeu for feliz tomaram conta de mim. Elas sorriram quando me viram. Seriam aqueles sorrisos uma espécie de “boas vindas” ao meu sorriso? Eu estava prester a vir pro Reino Unido e tudo era intenso. Tudo me testava e me fazia repensar minha decisão. Eu me sentia como um garoto fugindo de casa. Foi um momento muito intenso da minha vida... Quando é que eu vou descobrir outras coisas agora?

Epifania XY

Eu deixei com ele a minha ambição pequena disfarçada de vocação humanitária e peguei a sua mentaliade pequena e transformei numa fuga espetacular....

21.10.09

Qual o problema?

Tem algo me incomodando e eu tenho medo dessa sensação.
Geralmente acontece quando eu digo que amo.... quebra o encanto! Mas eu não disse que eu o amo, então qual o problema? Talvez estar feliz seja o inferno dos depressivos!

Sobre a culpa.

Sobre a culpa. Será que eu ainda sinto culpa ou eu já me acostumei? A lógica me protege. Eu ousaria dizer que a lógica seria a minha religião se eu não soubesse que religião restringe e divide. A grande pena é o fato de o coração não acompanhar a lógica. E sim, eu falava de culpa: É, fui eu! Mas a lógica me dizia que agir naturalmente me descartaria – como descartou. Mas e a culpa? Toda vez que alguém dizia que queria conversar comigo eu pensava: descobriram-me. Toda vez que eu ouvia meu nome eu analisava o tom. Eu sei que o tempo nivela as coisas ou mesmo as apaga. A lógica me salvou outra vez. O grande problema é lembrar-se das próprias mentiras para suportá-las no futuro... Definitivamente não se deve agir por impulso!
Mas o que é impulso? Impulso pode ser um ato negativo? Será assim que agem os.... quem age negativamente? Como generalizar um grupo se o que eu tenho ao meu lado um sentimento. Mas que sentimento seria? Preciso de um rótulo! Urgente, um rótulo, por favor! Seria medo? Seria depressão? Seria o que essa sensação de que eu perdi uma oportunidade? Eu perdi não uma, mas diversas oportunidades de mandar certas pessoas pro inferno! Ele, por exemplo, testou a minha paciência por quatro anos e eu nunca disse não! E não era por medo de ficar sozinho não: era simples medo de ficar no prejuízo. Hoje em dia eu entendo que eu fiquei aos pés dele por quatro anos por dinheiro. Não que ele tivesse qualquer coisa para me oferecer, mas se terminássemos ele me deixaria no prejuízo – como deixou, quando ele me deixou. Uma vez um amigo me perguntou o porquê de eu não exigir tudo o que eu havia lhe dado, de volta. Eu disse que eu não era desse tipo, mas ele perguntou de volta: “Você não é desses ou não tem espaço suficiente na sua casa?” Não era medo de ficar sozinho. Não, não... era medo de ter que ouvir outra vez dos meus pais que eu confio nas pessoas erradas e que no final das contas os meus prejuízos respingavam neles também. Era algo instintivo o que me mantinha preso. Era um pouco de lógica aliada a um instinto sincopado de sobrevivência. E era um pouco de culpa também.
Anorexia tem um quê de culpa. Eu leio o meu desvio de imagem como sendo uma crítica aos meus pais: eu odeio o fato de a minha mãe se sentir mal (ou, curiosamente, inferior) por ser superior. Numa tentativa desesperada de se misturar ao rebanho, ela tem que sofrer e ignorar. Medíocre não é suficiente: a meta é a subsistência! Não... Calma lá! Eu achei que eu estivesse criticando aos meus pais, mas agora eu entendi! Não passa de um processo estático, uma padronização, uma repetição! Eu sou minha mãe, e por isso eu não sei dizer não. A minha lógica me convém... E eu odeio! É como me lembrar de segmentos isolados que me doem ou me elevam. E ultimamente eu tenho pensado em como doeu sair da casa dele. Eu me lembro de perguntar se ele sentiria falta da gente, e ele respondeu: “vocês não foram embora ainda....” Mas ao mesmo tempo eu amo a minha lógica. Ela me permite ser um ateu espiritualizado. No meu paraíso tem meus amores constantemente do meu lado!

10.10.09

em busca da primeira impressão...

Você já teve a impressão de que a tristeza é artificial? Enquanto a felicidade é tão genuína e específica, a tristeza pode ser encontrada em todos os lugares. Portishead e Roberto Carlos me consolam pela mudança da Lu... Ou seria exatamente o contrário: a busca do sentimento (que é exato) se dá por caminhos tortu(r)osos?

15.9.09

O Apicultor e a Abelha-Rainha

Dias atrás – não sei por qual motivo, eu pensava em colméias. De uma forma estranha eu entendi que o apicultor usa as mãos não só para cuidar da colméia, mas também para tratar de todo o jardim em volta dela. Somente então a abelha-rainha da à vida à colméia. Não sei bem como explicar o que eu sinto agora, mas a epifania me fez ao mesmo tempo entender que somente a coragem lúcida pode trazer o novo, e que dar a mão a alguém era o que sempre se esperou da alegria. O jardim sobrevive às estações, mas não a abelha-rainha que, antes da morte da colméia, é resgatada pelo apicultor: ela é retirada da colméia e carregada nas mãos. Sim, a abelha-rainha também morre – e não apenas o zangão...

Há momentos em que o apicultor passa muito perto de nós e nos confunde com a sua fumaça inebriante, e nessas horas ele nos lembra que não foi agora que ele nos cutucou o ombro, mas que um dia ele virá nos resgatar da colméia também. Talvez ele nos ensinará que antes de morrer, se vive; ou talvez que a morte não existe porque, na verdade, já estamos todos na eternidade... Eu, no entanto, gosto de pensar que, depois de morrer não se vai ao paraíso... simplesmente porque morrer é o paraíso, principalmente, quando se tem uma mensagem a passar para o José.

Mas o apicultor nos carrega nas mãos! Então eu não sei...

Adeus, Vó Tatá.
Fica em paz....

Deus, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora da minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha...” [Clarice Lispetor]

14.8.09

Possibilidades

Eu aprecio o torpor por sua câmera lenta.
Hoje celebramos o aniversario da Lu. Pra falar a verdade eu estou em câmera lenta e ela caída do lado do vaso. Não sei quando um de nos sairá do transe.
Complicado escrever quando ao mesmo tempo a mente borbulha de pensamento e a mente reage em câmera lenta. Acho que o torpor vale a pena. Hoje foi álcool. Amanhã eu não sei o que...
Não sei se é necessário relatar a festa e se vale a pena contar os efeitos do álcool: as coisas que se dizem, as coisas que se fazem... tudo é destinado ao limbo quando a luz do sol. Eu, com certeza, não me arrependo – eu só me questiono ate aonde o que se fez vale a pena ser comentado. E em vez de qualquer coisa, eu os relato em um blogger.
Bem, acho que agora vale a pena ver se a minha irmã tem condições de se deitar na cama. Não sei com ela se sente. Alias, não sei por que as pessoas se submetem a estados em que elas não tem controle de si mesmas. Mas não é o caso: ela é dona da vida dela e acarreta com as conseqüências dos atos. No momento eu tenho que ver se ela esta bem – ou em que grau de maudade ela se encontra.
...eh uma pena: tantas coisas ditas que não vão ser mencionadas novamente. Talvez nunca mais!
E eu me confesso triste não porque coisas não mais serão exploradas, mas porque tais coisas podem sequer não mais acontecerem. Torpor nao exige do vernáculo....

11.7.09

Por que está tudo tão confuso?

Não tem ninguém por perto quando ela fala comigo. E eu não sei se não gosto dela por causa das coisas que ela me mostra. As minhas brigas imaginárias são mais freqüentes... e mais brutais. Eu estou vivendo “A Redoma d e Vidro” e não sei o que acontece na pagina seguinte...
E por que é tão difícil dizer o que eu quero? Bem, talvez eu não saiba o que eu queira – e por isso não sei o que dizer... algumas coisas eu mantenho comigo, guardadas e lacradas a não sei quantas chaves pra não correr o risco de irem embora depois que as disser. Sim, meu sentimentos são reféns do meu ego.
Outro dia eu vi um amigo no MSN. Como sempre eu entro off-line. Fiquei feliz porque além de fazer tempos que não nos falávamos, tinha muita coisa pra falar. Mas daí lembrei que ele ia me dizer que eu tinha sumido e que deveria aparecer mais. Daí fiquei com raiva e não falei com ele.... é assim que eu vejo a minha vida: um livro com centenas de páginas em que nada realmente acontece. E quando acontece algo, não passa de um flash-back.
De vez em quando ela desaparece – mais freqüentemente quando tem alguém por perto ou quando eu estou muito ocupado. Mas ela sempre volta e me conta que foi ter com outros e que lhes cutucou o ombro. Ela me assusta, mas me intriga. Já falei que não sei se gosto dela ou não, mas sim, ela me fascina. Ela me faz promessas, mas eu tenho medo também. Ela já me disse várias vezes que eu não devo me confundir porque um dia ela cutuca meu ombro também.

8.7.09

Um dia de Folga...


Uma brisa deliciosamente fria entrava pela janela aberta. O sol brilhava cínico do lado de fora, por entre nuvens cinza. Chovera há alguns minutos atrás e a luminosidade brincava de indecisa acendendo e apagando, acendendo e apagando. O reflexo das árvores era visto no vidro dos quadros na parede, que curiosamente continham paisagens e árvores. O silvo apressado do vento se misturava com o dos trovões longínquos, que se misturava com o canto misturado de diversos pássaros. Era raro abrir as cortinas do quarto. À luz do sol ele parecia outro. Os padrões do edredom combinavam com os padrões do aquecedor. O livro sobre o meu colo dava o final ar de aconchego que me inspirava colocar os braços atrás da cabeça e cochilar. As pálpebras pesadas exigiam descanso, mas o poder da liberdade exigia mais: queria ambos. Decidi tocar piano e corrigir algumas partituras que eu tentava tocar. Preparei a mesa para o estudo e corrigi algumas notas que realmente estavam deslocadas. Sentei-me diante do piano de mogno e toquei as primeiras notas. Elas não soavam como deveriam e pensei que tivesse cometido algum erro na anotação. A cortina da sala estava fechada e um ar triste e pesado combinando com a cortina marrom, carpete mel e moveis de mogno ditavam o clima. Não era o piano que eu queria agora. Fui à cozinha na esperança de me inspirar. Talvez um capuccino nesse clima gostoso. Afinal, a temperatura caíra cerca de 15 graus em dois dias. Meu pai diria que isso não era bom para a saúde, mas eu nunca gostei do sol e preferi o frio. Adoro inverno e neve. Mas não quero capuccino não. Talvez possa fazer uma caminhada. Seria ótimo sentir a brisa diretamente no meu rosto e respirar a umidade escorrendo das plantas. Poderia correr... exercício faz bem! Há uns dias atrás eu comprei um tênis de corrida por um preço muito, mas muito bom. Mas como encarar o fato de que eu também não quero correr? Já não sei como encarar o fato de que olhar as minhas pílulas me deu um calafrio e me inspiraram a escrever. Mas não era isso que eu queria.... o que eu quero falar ainda é segredo ou eu não queria encarar. Eu sentia o peso da idade ficando cada vez mais pesado e o meu corpo dando sinais de cansaço. Talvez uns minutos de sono resolvam. Talvez um hidratante retarde. ...mas eu não consigo dormir!

1.7.09

Tempo de Morangos

Eu não morri não. Eu percebi que algumas das coisas para as quais eu acordo não são absorvidas e outras acabam se diluindo. Este não é um blog abandonado não. Eu tenho me ocupado escrevendo contos ou outras coisas. A inspiração não me abandonou não. Eu, na verdade, tenho tratado esses seres que me visitam com mais respeito – na expectativa de que eles não me deixem. E sim, tem funcionado sim. Mas eles não querem o blog.
E por esses dias eu me lembrei de que as pessoas morrem. Por um tempo eu achei que os 50 eram os novos 30 anos, mas não. Ou talvez sim... a surpresa é que não se deixa fotografar. Ou como a Clarice diria: mas por enquanto é tempo de morangos...

8.4.09

Leonardo de Oliveira Cardoso








11 - A FORÇA
(Rider Tarot: A Justiça)
Palavras-Chave: Auto-Controle e Vontade Dirigida

  • Aprendizado aos 11 anos de idade: um fato que marca o psicológico;
  • Vontade imperativa, objetivismo e energia;
  • Inteligência sobre os instintos;
  • Inquietação mental e curiosidade por tudo;
  • Magnetismo pessoal;
  • A sexualidade é forte e atuante;
  • Cuidado com as explosões de temperamento;
  • A impulsividade é inimiga do seu sucesso;
  • Determinação para chegar onde quer;
  • Vontade de manter controle absoluto sobre o que ocorre em sua vida;
  • Sinceridade e franqueza;
  • Luta contra o EGO ;
  • Detesta ser dirigido(a) ou liderado(a);
  • Disposição física e coragem;
  • Testes na vida quanto à sua tolerância;
  • Não seja tão perfeccionista consigo mesmo;
  • Empenho em querer dar o melhor de si;
  • Expectativas permanentes quanto ao trabalho;
  • Cuidado com a competitividade;
  • Não faça de sua vida um "cabo-de-guerra";
  • Desafios emocionais;
  • Auto-cobrança;
  • Habilidade com atividades de raciocínio rápido;
  • Não gosta de estar preso à regras ou dogmas;
  • Luta contra o poder e monopólio (domínio);
  • Desejo de fazer algo grandioso;
  • Cuidado com a ansiedade;
  • Não tente resultados a curto prazo;
  • Administrar o que tem sabiamente;
  • Cuidado com a área neuro-muscular, gônadas, taxa de glicose, vida estressante;
  • Atividades como Yoga e Tai Chi são indicadas;
  • Não se esquente com problemas que venham da família;
  • Trabalhe sua teimosia;
  • Crescimento pessoal que surge através da focalização das metas;
  • Quer viver coisas novas;
  • Crie novas oportunidades para si todas as horas;
  • Não cobre de seu parceiro o que ele não pode dar (ou de quem vc convive);
  • Evite disputas;
  • Trabalhe colaborando;
  • Não desperdice as chances que lhe são dadas.

http://www.taroterapia.com.br/arcano/arcano.html

25.3.09

...nos últimos dias...

Eu não tenho escrito muito (ao menos regularmente) nos últimos dias. É quase um medo de por pra fora alguma coisa que não está pronta pra sair.
Não me entenda mal: tenho varias idéias, temas e até trechos prontos que somente precisam ser organizados antes de publicar. Mas por enquanto não vai...
Enquanto escrevo essa nota eu me lembro que o James me falou um dia desses que mudar de ares nos possibilita reinventar Eu a nossa imagem. Por que ele usou a palavra “imagem” em vez de “a nós mesmos”? Não que eu pense que ele quisesse colocar essa pulga atrás da minha orelha – ou sequer que ele percebesse... mas é tanta coisa acontecendo (ou com potencial de acontecer) nos últimos dias... (e agora mesmo, por que eu não usei “ultimamente”?)

Alguém seqüestrou minha auto-estima?

Eu desconfio que ela saiu pra dar uma volta com meu amor-próprio e nunca mais voltou... Independente do que aconteceu, o que interessa é que ela sumiu. E agora?

26.2.09

Doppelgänger



Hoje eu completei 30 anos. Apesar de não me importar com números, 30 anos é motivo sim pra reflexão. Eu não sabia sobre o que refletir ou comemorar, no entanto – até que eu abri a geladeira e abri um pacote de presunto próximo do prazo de validade: foi quando eu entendi o que o tempo faz com as coisas... e foi, também, quando eu tive a idéia de fazer uma foto do exato momento em que eu faria meus trinta anos, e comemorá-la. Eu também queria me datar!

Quando eu tive a idéia de ver como era completar 30 anos, eu percebi que sem o auxílio de um espelho ou de uma câmera fotográfica, o trabalho não seria possível. E fica a questão: somos escravos da aparência porque não sabemos outra forma de enxergar as coisas? E se não sabemos outra forma de analisar sãs coisas senão por observá-las, para quem a gente se preocupa em parecer bem?

Eu voltei para a cozinha e abri a geladeira procurando pelo rótulo do presunto. Seria correto dizer que a minha busca espiritual se concentra no conteúdo da minha geladeira? Sim, estava pra vencer, mas parecia – e estava delicioso. Quem se lembra de que presunto é um corpo em pausado estado de decomposição, enquanto sente o gosto delicioso da carne entre os dentes? E tem mais, se o pacote fosse pro freezer, duraria ainda mais tempo! E tinha também, um único iogurte na geladeira... o rótulo dizia que ele estava OK, mas eu não queria iogurte naquele momento. Putz! Trinta anos! E eu não tenho comida de criança na geladeira: sou um adulto! Ou o meu iogurte entrega a minha síndrome de Peter-Pan?

Talvez, crescer seja se preocupar com imagem, com o que pensam da gente – ou, em outros termos, preocupar-se em escrever o nosso rótulo! Talvez seja uma espécie de medo que nos faz amadurecer... medo do desconhecido, e resignação ao sentimento de que dependeremos uns dos outros, totalmente, e durante a vida inteira. Meu Deus! Só agora me dei conta do susto que levamos ao perceber que somos seres solitários. É tal susto que fingimos sermos, essencialmente, seres sociais... (Rótulo bem construído é marketing social!)

Um simples susto, um choquezinho faz com que nos tornemos adultos... E não precisa ser muita coisa, eu acho: depende de cada um. E se se pensar bem, todos sabem exatamente o momento em que se tornaram adultos. E enganam-se os que dizem que tornar-se adulto é perder a inocência! Deixar de ser criança não é perder inocência – ou a validade... A inocência está em cada coisa que a gente não conhece. A gente é inocente ou virgem de tudo o que não experimentamos. Mas, voltando ao tópico da geladeira: adulto não tem doce na geladeira porque faz dieta e faz dieta porque se preocupa com imagem. E se preocupa com imagem porque se preocupa com o que os outros pensam dele, e tudo, mais uma vez, se resume ao rótulo! A gente se preocupa com o que o nosso rótulo diz a respeito de nós.

E em busca do perfeito rótulo, criamos duas versões do self: uma pra nós mesmos, e outra pro que está em volta da gente: afinal, alguém tem que ler o rótulo que estamos desenvolvendo! Ainda penso em como é cômodo me contrariar pra evitar discussões desgastantes – como, por exemplo, quando eu desejava que o Deus abençoasse meu chefe, ou quando eu respondo que eu não tenho namorada. Há momentos em que, pro nosso self, a gente se aceita, mas é mais fácil manter essas crenças apenas para o nosso self... Então porque a gente se aceita, mas não se aceita de verdade? E o que o meu Doppelgänger teria a me dizer agora? Como ele reagiria quando eu lhe oferecesse as boas-vindas ao início da sua quarta década de vida! (eu fiquei assombrado quando percebi!)

P.S.: Mas eu insisto: o problema com os rótulos é que temos controle do que é escrito nele, mas não sobre como ele será decodificado.

18.2.09

Agressividade Passiva

Quando eu prendo a respiração eu sinto o tempo (ou o mundo) acontecendo através do meu corpo latejando, minha cabeça rodando e o contato com as coisas. É quando eu me sinto vivo. É quando eu percebo que há algo muito além de mim. Daí eu durmo pra ter menos contato com a realidade, mas os sonhos continuam a me mostrar o obvio quando eu fecho os meus olhos. O consolo é o fato de que eu tenho o controle sobre a minha existência: basta um “não” e tudo cessa – ao menos dessa vez.

História sem fim...



Eu me preparei por anos pra o reencontro, e achei que estava pronto até que eu entrei em pânico minutos antes de encontrá-lo. Num dado momento eu pensei que palavras poderiam fechar – finalmente, a ferida. Mas o fato de eu ter sido cortado das fotos me incomoda.
Acabei de escrever um mail perguntando.
Agora que eu perguntei me sinto mais aliviado... pelo menos quanto aos cortes, mas o que incomodará em seguida nessa história sem fim?

10.2.09

Intelectualóide

Antes eu dormia com as mãos atrás da cabeça: hoje eu durmo em posição fetal.

Bem no fundo, eu tinha medo de ser um intelectualóide, então eu fugi. Não sei se hoje em dia eu me puno com uma vida medíocre pra me lembrar do que eu tenho medo: eu escrevo no escuro...

Eu estou trocando, aos poucos, minhas fobias, por um novo pavor.

28.1.09

Vampiro

Finalmente sou um vampiro. Um toreador, para ser mais especifico.
Agora a escolha de me expor ao sol depende somente de mim!

24.1.09

Envelhecer


De vez em quando sou apresentado a pessoas que me fazem ter medo de envelhecer. Umas são secas, outras desiludidas, outras estáticas, mas o que todas têm em comum o fato de que elas têm certeza!
Clarice dizia que todo Ser Humano é triste e solitário. Sim, eu concordo com ela porque nós realmente o somos: sempre se relaciona os diversos desencontros sociais aos problemas do mundo. Quer prova mais absoluta que o fato de que ninguém quer viver sozinho?
E a convicção dos velhos é como o corpo dos jovens: rígido.

Plural Vs. Singular



Uma vez me disseram que todo casal resolve suas diferenças na cama. Por um momento pensei na conotação sexual, mas antes que eu indagasse, completaram dizendo que a cama é o local aonde o casal se despe não apenas das roupas, mas das obrigações e dos temperamentos também. A cama é o local aonde o casal se abre para diálogos impossíveis à mesa do restaurante ou na sala de reuniões. Eu nunca entendi se tal exclamação era um desabafo, se era um grito de alerta, ou mesmo um pedido de socorro do meu, então, parceiro. O que quer que tenha sido, fora dito uma semana depois de deixarmos o nosso apartamento e limitarmos o nosso relacionamento aos encontros religiosamente diários, quando eu o buscava no trabalho, ou quando – ocasionalmente, nos organizávamos socialmente para algo barato.

Eu não queria aceitar o fim, e por diversas vezes eu tive a chance de me libertar, porque ou eu amava a pessoa que eu era ao lado dele, ou eu simplesmente me tornei obcecado pela realização da fantasia perfeita... ou simplesmente eu não queria aceitar que teria de encarar todos os prejuízos de um negócio extremamente mal-sucedido.

Ele também me culpou por levá-lo a lugares ermos ou inusitados – eu sempre gostei de aventuras, mas não percebi que o meu fetiche tinha se tornado uma obsessão ... eu também não tive estômago para ver, pela segunda vez, “A Paixão de Cristo”, do Mel Gibson – ele vira o filme por diversas vezes – ele se aprazia sofrendo diante das historias alheias. Talvez fosse uma forma mais intensa ou singular do meu próprio mecanismo de racionalização : eu, mesmo que momentaneamente, esqueço dos meus problemas mergulhando nos dos outros... E me disseram que numa das vezes em que ele fora ver o Cristo, ele fora acompanhado de outro. Não que “outros” fossem um problema – eu sempre optei por relacionamentos abertos porque eu sou aventureiro e também porque eu acredito que o que é meu não precisa estar preso para ficar comigo. Havia os que diziam que eu não tinha auto-estima, e mesmo os que me viam como o coitado acompanhado do oportunista. Eu preferia ler que eu era o Ser que exercitava o exercício da perda, para que me acostumasse a ela quando o fim chegasse – ou seja, o plural não era ruim, o problema era exatamente “outro” (sim, no singular).

Eu sei que tudo é eterno enquanto dura, e a minha eternidade durou até a noite em que, saindo do cinema, ele me disse que tinha conhecido outra pessoa, e eu o confrontei dizendo que sabia quem era e que há semanas – ou meses, atrás, ele já não era novidade. Deixamos o nosso apartamento por precaução: na medida em que o nosso relacionamento morria, gastávamos mais tempo e dinheiro em coisas e situações que nos despistavam de nós mesmos: eu pensava em como realizaria a próxima fantasia, e ele conhecia o seu futuro companheiro.

10.1.09

Completamente perdido



Desapego. O que significa o desapego das coisas materiais? Hoje em dia eu não estou mais preocupado com o próximo DVD ou com o próximo CD. Ou com o próximo... Estou mais focado na experiência sensorial. E quando eu vejo as pessoas, penso em como perguntar sobre como elas evoluíram desde quando nos vimos da ultima vez... e quais quesitos eu uso pra considerar “criveis” as respostas que os outros me dão? De vez em quando eu acredito, e outras eu finjo que acredito – depende de como eu quero me envolver...

1.1.09

Vestindo burca em Londres



Dirigindo de volta pra casa vi uma mulher no banco de trás de um carro, vestindo uma burca. Eram duas horas da madrugada e ela também fora pega pelo tráfego, e como todos – exceto pelos pedestres que pareciam brincar com a nossa desgraça, estava com uma feição que misturava cara de poucos amigos com sono atrasado. Houve um momento em que os nossos olhos se cruzaram e foi então que eu percebi que celebrar a virada do ano é exatamente como vestir uma burca em Londres!
A burca daquela mulher não é nada diferente da bíblia que a protestante carrega debaixo do braço, da culpa que o cristão traz dentro de si ou daquele satanista que é ateu (graças a Deus): a religião está em todo lugar e cerca as pessoas mesmo que subliminarmente. Alguns se libertam, outros precisam expiar o mau-caratismo que eles sabem que têm, mas atribuem ao Deus – que os fez assim e que os testa 24 horas por dia; outros precisam acreditar em algo que seria, antes de tudo, uma anti-afirmação (não confunda com negação). Mas o que conecta todos nós é o fato de que nenhum foi capaz de se libertar completamente: todos mantém um ou outro ritual. Por exemplo, a bendita da mulher veio da puta-que-a-pariu e está em Londres vestindo uma burca. Eu comemorei a virada do ano...
Desde quando o tempo (se é que isso existe) “reseta” à meia-noite do dia 31 de dezembro? Gregório devia ser um clássico anal pra criar o conceito de que tudo poderia ser recomeçado do zero depois de 12 meses – como numa faxina gigantesca onde, além de se jogar fora o que não interessa, pode re-mobiliar a casa com produtos novinhos: as resoluções! Ah, as resoluções de ano novo... Dieta, trabalho novo, metas novas, vida nova, enfim. Mas o problema é o fato de que se sabe que no “ano que vem” tem mais, e nenhuma delas – as resoluções, vai adiante.
Eu vejo a celebração do ano novo como uma abstração do rebanho, que mais uma vez não sabe o que está acontecendo, mas segue o fluxo. “Mas é um motivo pra as pessoas se divertirem” – disse o Richard. E eu respondi: “e por um acaso as pessoas não podem se divertir todos os outros dias? Ou elas precisam de um motivo?” Natal, aniversário, dia dos pais, férias, dia do pagamento ou o ano-novo: tentativa de tornar a felicidade um ato esporádico – ou mesmo inalcançável. É, mais uma vez, o ser humano tentando esquecer-se da morte, dividindo o tempo em fatias digeríveis, por simples e puro medo de viver.