5.2.10

Uma Jornada Particular

Por uma vez nesse Blogger vou ser direto e sincero!

Pra quem não percebeu ainda, eu gosto de ler. Leio de tudo e tudo interessa: . Leio bula de remédio e rotulo de xampu! Leio do tema do dia na Wikipedia à pagina inicial da UOL, passando por jornais, revistas, bloggers e outros sites E como todo internauta sabe, quando você se envolve com um assunto, link depois de link você se pergunta: como é que eu fui parar aqui? E isso aconteceu comigo uns dias atrás, quando entre A Divina Comédia e Fissuras Anais, eu me deparei com o seguinte parágrafo (a tradução livre é minha):

Tudo começa com ateísmo. Um belo dia você olha para o universo e diz, “Não existe Deus, não existe o Diabo.” Então você decide que você é o centro do seu próprio universo subjetivo, porque, obviamente não se pode ter contato objetivo com tudo o que existe. Portanto, ao decidir que você é o Ser mais importante na sua vida, você se torna o seu próprio Deus. E sendo o seu próprio Deus, você se sente confortável tomando suas próprias decisões sobre o que priorizar. O que é positivo para você, é automaticamente bom. O que te prejudica é mau. E você estende tal premissa para as coisas que você aprecia e para as pessoas que você aprecia. Trata-se de uma filosofia autocentrada.

Mas ser seu próprio Deus também requer responsabilidades, já que você está atraindo pra você o completo ônus pelos seus sucesso e perda pessoais. Você não reza pra Deus culpando o Diabo, ou qualquer outro, por aquela situação que lhe sucedeu. Está tudo na sua mente.

Isto é um desafio para a maioria das pessoas. A maioria delas tende a pensar que elas precisam de algum tipo de apoio externo, algo com quem elas possam se identificar, algum tipo de filiação sobrenatural ou mesmo até algum tipo de autoridade governamental que lhes digam o que fazer da vida.

Aquele parágrafo resumia e representava talvez tudo o que eu pensava sobre religião ou teologia. Em poucas ocasiões eu me sinto totalmente traduzido em palavras com relação a um sentimento, e esse parágrafo foi um deles: identificação absoluta! Ou quase... não fosse pelo fato de que o trecho fora extraído de uma entrevista com o dirigente da Igreja de Satanás!

Eu experimentei um misto de reações e algo me incomodava. Voltei a pensar em rótulos, e me perguntei: o fato de que você se encaixa em um rotulo faz de você parte daquele universo? E claro, a resposta era: depende. Sim, depende do que se diz respeito. Por exemplo, vamos pensar em rótulos simples: homem, caucasiano, 30 anos – todos rótulos que me compreendem e não exigem muito de mim para que eu me enquadre. Daí fui para outros rótulos mais complexos: graduado, poliglota, escritor – eu também pertenço a estes grupos. Mas certos rótulos dependem de algo mais, sejam outras pessoas ou aceitação pessoal. Apesar de que alguns rótulos não exatamente dependam de aceitação pessoal, como por exemplo, homossexual... ou dependem? O problema é o medo do rótulo? É medo da reação da sociedade sobre o rotulo? Ou o problema, depois de tanto tempo e de tantas lutas, é ainda mais complexo?

Eu aprendi que os rótulos trazem desafios e que as bandeiras que levantamentos não precisam ser colocadas em mastros e marchadas em procissão. Rótulos também são pessoais... A minha bandeira pode ser um simples post-it dobrado no meu bolso ou uma ideologia que eu não preciso dividir com ninguém, porque quando se “levanta” uma bandeira, você se aceita mais um pouco. Preconceito é uma barreira pessoal e está nas nossas mentes.

Por momentos eu pensei que eu me incomodava pelo fato de ter me descoberto Satanista... Então, eu me pus a pensar no que me fez pensar que eu fosse Satanista? Nada... Absolutamente nada. Minha visão religiosa continua intacta e pelo fato de que ela fora descoberta e adaptada e emendada com o decorrer dos anos ainda me dá o direito de me referir o meu credo como “Leleuismo”. Nao, eu nao sou Satanista! Qual o problema, afinal de contas?

Eu entendi que o meu terror não foi por ter encontrado um preconceito em mim: eu sei que tenho vários! O meu terror foi perceber que eu aceito o preconceito nos outros, mas não em mim. E eu sei que preconceito pessoal é um sintoma de não se conhecer...

Nenhum comentário: