5.2.10

450 palavras

Ontem eu voltei de Londres onde passei dois dias deliciosos com a Lu, na casa dela. Vê-la é sempre um misto de emoções e eu geralmente exausto e preciso de um escape. Não que qualquer coisa nela me canse ou aborreça, mas, entre outras coisas, a separação é sempre dolorosa. E como ia dizendo, eu me jogo em tergiversações e experimentações que me ocupam o tempo e me trazem de volta para a realidade. Acontece que a realidade também me faz chorar, e eu não sei como mostrar meus sentimentos: do lado dela eu sentia uma onda de amor e queria abraçá-la, mas eu não abracei porque eu teria que explicar o abraço. Outras vezes eu sinto a mesma onda de amor pelos meus pais ou pelo Richard, mas eu não exponho porque em mostrando afeto, eu me enfraqueço e me torno vulnerável à nostalgia – ou a não sei o quê.

A vida é mais fácil se você é nono facetado... quanto menos você mostra, menos se sabe sobre você, e quanto menos se sabe sobre você, mais simples é o seu relacionamento com os outros. Estaria eu fazendo distinção entre qualidade e quantidade, neste momento?

Não! Ainda não é hora de parar. Tem mais pra se dizer sobre isso, mas eu estou me defendendo no meu próprio post! Certo, eu me escondo porque não quero que me vejam – ah, que surpresa! Eu não quero que me vejam vulnerável porque eu não acredito em fraqueza corporativa. E sim, eu vejo a mim como uma empresa, um ser dentro de outro ser que se adapta e se comporta como eu quero que os outros me vejam – sim, da mesma forma como eu criei a minha própria assinatura.

Acontece que eu estou perdido... eu não sei mais quem eu sou, e não quero pedir ajuda porque eu não sei o que está errado – ou o que esteja correto. Talvez seja por isso que eu não chore! Chora-se, entre outros motivos, por tristeza, mas não por confusão. Ou isto é parte do meu personagem que se instalou tão fixa e profundamente na minha alma que eu desaprendi? Hoje em dia eu choro com a tristeza alheia e vendo filmes que e lembrem o que eu fui, ou do que me toca. E o que ultrapassa a minha carapaça não são dramas com apelo mundial ou épicas histórias de amor. Não, eu também não acredito no amor... o que me tocam são as coisas pequenas: é a planta seca ninada pela brisa compadecida, é a busca cega da estalactite, é acordar cedo e saber exatamente como cada segundo do seu dia vai se desdobrar, é sentir saudade de um futuro incerto e provavelmente impossível...

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