24.9.08

Doméstica

Tem um momento na vida em que deixamos de sermos nós mesmos. É quando grande parte dos problemas são resolvidos e tramas são sanadas – e outros não surgem com a mesma freqüência! É difícil ver a nova pessoa que surge dessa faxina. Eu tendo a ver essa pessoa como um ser banal. Outras vezes eu a vejo como apenas um ser diferente... e, afinal de contas, não é sempre fácil lidar com o novo – especialmente quando o novo não dói.


Eu acabei de me lembrar da Alanis, da Tori e da Madonna... elas mudaram: a Alanis foi pra Índia, a Tori teve uma filha e a Madonna encontrou a cabala... Eu prefiro dizer que elas foram atingidas por um golpe de graça do que dizer que elas ficaram, de certa forma, “chatas”! Seria isso o resultado da vida doméstica? Paz é isso? E isso é bom? Eu não digo que elas deveriam sustentar a minha infelicidade, mas é que, por outro lado, eu não sei como é que se aceita a paz! Ou pior: o desafio maior seria aceitar que a felicidade é possível? Mesmo que indefinível, a felicidade é possível?


A pessoa se acomoda e dá de presente a outra a sua solidão. É uma espécie de resignação sim! É meio triste... É a perda da individualidade – sim, exatamente isso! É com medo e pesar que eu vou deixar de ser eu – ou o personagem que eu criei pra mim... porque, apesar de ser possível mentir pra si mesmo, ser coerente com a verdade em que se espera que os outros acreditem não é tarefa fácil...


E o meu medo nem é da vida doméstica não! Meu medo é o de me tornar trivial! Em vez de me tornar Alanis, Tori ou Madonna, eu queria saber como me tornar os Beatles depois da Índia, Beatles depois dos filhos, ou Beatles depois da espiritualidade...


É por medo de não ser livre que eu tirei os meus bonecos da caixa!

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