26.3.08

Cadê ela?



A casa parece intacta. Não fosse o fato de agora mesmo, minutos atrás, eu não a tivesse abraçado e dito: boa sorte, não se diria que ela não está mais aqui. Como sempre eu temo as palavras. E mais que as palavras eu temo o significado delas, e especialmente o fato de eu ter que encarar ela simplesmente se... foi. (Nota: eu temo o verbo “ir” e todas as suas possíveis conjugações.)
A toalha cor-de-rosa, a bolsa cor-de-rosa, o boá cor-de-rosa, o roupão cor-de-rosa. Os bichinhos de pelúcia sobre a cama, a balança no chão, o violão no canto. Tudo faz pensar que ela só foi passar a noite fora, e que amanhã mesmo ela volta. Por quanto tempo ainda vai ter o cheirinho dela no travesseiro?
Eu nem acho triste o fato de que mesmo chorando, eu não tenha ninguém pra quem eu poderia ligar e chorar a falta que ela já está fazendo – absolutamente ninguém; triste mesmo é o fato de que ela não está na caminha ao lado – mesmo que caladinha mexendo no lap top ou deitadinha abraçada ao Bau, mas presente, enfim.
Não é porque somos irmãos, mas porque somos amigos. Ela sempre me disse pra ter orgulho do que e de quem eu sou – ela é o verdadeiro irmão mais velho nessa família. Não existe pessoas nesse mundo que eu ame mais do que eu ame a minha irmã.
Preciso terminar esse texto antes que ele fique por demais açucarado. Não faz meu estilo exaltar demais alguém – mesmo que esse alguém seja a Lu. E a verdade é que eu não sei como terminar esse texto porque eu não quero que termine: eu quero que a presença dela seja eterna – mesmo que dolorida.

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