23.3.08

O som do silêncio

E estava tudo silencioso.
Não era exatamente o nada que se ouvia ao redor, mas um vazio... ouvia-se o som do silêncio. Voltamos pra casa sem pronunciar uma palavra. De vez em quando ela puxava conversa dizendo que estava com medo, e eu não dizia nada – não me dignava sequer a mudar de assunto. Ela, por vezes, falava do clima, mas eu respondia secamente com um “sim”, mas quando convinha – um não abriria espaço pra um diálogo.
Às vezes alguém ligava pra ela: já eram os amigos antecipando a falta que ela vai fazer. E eu calado. Só ouviam-se as teclas – especialmente o “backspace”. O cuidado é quadru... não: é decuplicado em momentos em que se expõe demais. É preciso cuidado pra não... me machucar? Mas eu já estou ferido... e dói.
Eu já fiz isso antes. Dói sim, eu admito. Mas dói menos quando eu me defendo: e eu me defendo excluindo a pessoa de perto de mim. Soa cruel, eu sei – mas eu prefiro assim. É só mais uma camada pra a minha já tão espessa carapaça.

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