17.3.07

Divagações nº I

Fazia tempos que eu não odiava Sócrates, mas o sentimento voltou com força total ontem quando eu vinculei felicidade com esperança. Na verdade odiar Sócrates não resolveria o meu problema porque, no fim das contas, a suas idéias foram compradas: não foi ele quem as impôs. E mesmo se tivesse imposto, como eu convenceria a maioria? E quem disse que eu preciso convencer a maioria? Quem disse que eu quero? Não, não quero porque eu seria tão preconceituoso quanto eles, ao impor minha observação – que é minha, e não precisa ser de mais ninguém pra ser verdade. E verdade, pra mim, não é nada mais que observação – não observação no sentido vulgar, como Sócrates idealizou, porque toda experiência é sensível! Toda. Resta, ao fim, o que não se experiencía, e por isto tem-se que, de alguma forma, confiar no rebanho. Mas como, se eu não quero compartilhar das suas verdades? Sou obrigado. Sou obrigado a ser um ser social! Um ser social que não consegue ser sincero nem consigo mesmo: eis outro ser social!

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