19.9.06

O Filatelista (ou “O Lavrador”)

Olha que cena curiosa: eu, um neo-paganista na Itália – berço do catolicismo, convivo com Testemunhas de Jeová e Adventistas do Sétimo Dia! Eu me comporto mornamente entre todos eles [e não, não serei vomitado! Estude a história por traz da Bíblia antes de dizer asneiras!] porque eu tenho a minha ideologia e conviver com a alheia, na pior da hipóteses, traz crescimento intelectual e, com isso, tem-se mais escolhas. Não sei falar de números, mas a lógica diria que as chances disso acontecer num país como a Itália seriam muitíssimo pequenas... mas é verdade: estou no meio do fogo cruzado de uma guerra fria! Por isso, acabei me tornando, aqui, um colecionador de selos. Ouço falar de selos o tempo todo, de tantos que foram abertos e de um coitado e solitário a ser aberto, que coincidirá com o fim dos tempos. Este último, por sua vez, é tão aguardado que eu ousaria dizer que, assim como se fala tanto no diabo em certas religiões, o fim do mundo é quase que a abertura de uma feira agropecuária para outras, com direito a fogos de artifício em show pirotécnico e estandes de mostra, comidas típicas e tudo mais, como na música da Rita Lee, em que ela vai "entrar no capote de camarote"! Mas o problema é que esse camarote é tão disputado, e segundo cada lado, seriam poucas as vagas para apenas e tão somente aqueles que da sua versão da verdade compartilharem. Acontece que os entusiasmistas do apocalipse ja previram o fim do mundo no ano 2000, usando e abusando da máxima: "de 1.000 parassá, de 2.000 nao passará", e eu, num prazer quase doentio, deleitei-me não porque o mundo nao tinha se acabado, mas porque eu podia contradizer um dogma do qual eu não compartilhava. Prazer doentio sim...

Tendo certeza de soar muito irônico [nem tento fingir mais que não era a minha intenção, sabia?], se somente Deus e Jesus Cristo deveriam saber o dia certo, qualquer pseudo-premonição feita por qualquer mortal, em dias alternados e consecutivos bastariam para adiar o fim dos tempos, ja que outro ser, além dos que deveriam saber, o saberia... isto estragaria os planos e, por si só, destruiria outro dogma. Alguém me disse também que era prevista a volta de Jesus num ano preciso do século XIX, o qual não me lembro, mas que, segundo a lenda, não aconteceu, mas usaram a mesma data para explicar um evento metafísico, incapaz, portanto, de ser provado, mas que satisfazia o rebanho e não contradizia os dogmas. Conveniente, não? Além do mais, o Concílio de Nicéia fez tranto estardalhaço do trabalho de Jesus contado séculos depois [quem conta um conto, aumenta um ponto, não é verdade?] que se a ressurreição do Deus não fosse precedida de um alinhamento perfeito de todos os planetas [e os canditatos a] – do Sol até Sedna, não teria graça, ou não seria suficiente para acalmar os ânimos... além do mais, tranformar água em vinho, no nosso mundo capitalista, não seria grande coisa, até porque, já que se pasteuriza leite azedo até cinco vezes e coloca-se à venda para consumo, nos dias de hoje, Jesus ressuscitado teria que ser um alquimista que transformasse lixo nuclear em ouro! Ou em dólares? Preciso urgentemente de um economista aqui e agora!

Eu creio que o fim dos tempos está proximo sim, mas dos tempos da atual potencia capitalista do mundo – os E.U.A., como aconteceu com a Grécia, por exemplo, ou a U.R.S.S., e/ou do Catolicismo, como aconteceu com o politeísmo grego: eis o fim do tempos no qual eu acredito... uma potência falida cendendo lugar à outra! Agora, não creio no fim do Catolicismo, como creio no fim dos E.U.A como superpotência, mas no gradual e inevitável processo de perda de influência e conseqüente discrição do seu poder. O vô João Paulo II pediu perdão pelos crimes cometidos pela Igreja – acho que o simples reconhecimento das intenções perniciosas dos velhos tempos ou da má admistração é sificiente para esboçar um sorriso meia-boca, mas não é suficiente para perdoar. Bem, não é sobre isso que eu venho dizer aqui nesse Post, então que remoasse essa mágoa numa outra oportunidade. Mas temos que reconhecer que o catolicismo simplificou a fé, tornando-a mais acessível [Mais uma vez não estou analisando os motivos, mas as conseqüências]. Palmas para os homens que acreditam que Deus criou a religião! Palmas para os homens que acreditam que religião salva! Palmas para o catolicismo e seus 2006 anos de cristianismo pregado! Palmas por isso tudo, mas principalmente por dar esperança àqueles que somente sabem procurar, procurar, por dar esperança àqueles que, por necessidade alheia, precisam se manter na base da piramide social, sustentando as camadas superiores, dando sempre, graças à Deus! Estes sim, precisam de organizaçao da sua fé, mas não porque não têm capacidade, mas porque há interesse de que se mantenham no rebanho!

Sabemos que nada se cria, mas se transforma, e a nova era na qual tanto falam os materialistas neuróticos, entusiastas do fim do mundo, que terão, em troca de subserviência e lavagem cerebral comuntária tantas vezes quanto necessárias, por semana, terão não sei quantas virgens esperando por eles ou um paraíso branco e enuviado para alguns, campos verdejantes e água corrente para outros, está para chegar. Alguns entusiastas do fim do mundo ainda acreditam na imagem medieval de inferno e danação eterna, mas outros também crêem em céus e infernos particulares... outros acreditam em dimensões e na evolução da alma para realizaçao de carmas.. o fato é que toda realidade é inventada, e o que a torna real é a quantidade de pessoas que nela acreditam: basta que umas poucas plantem sementes e exponencialmente, sejam colhidas as suas ideias. O resto é metafisica e teodiceia...

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