25.7.07

A Non Domino

Hoje eu fiquei em casa pensando.

Não que eu tenha tirado o dia pra pensar, mas com a Lu levando a chave de casa pro trabalho, ficou complicado sair. Foi então que me resignei e vivi prisioneiro de uma tarde helênica no meu quarto.

Sim. Quem me conhece sabe que eu adoro ficar olhando pro teto tendo pensamentos esparsos e tergiversando sobre esses mesmos pensamentos, fazendo de conta que eu poderia mudar a vida de alguém – incluindo a minha, com esses pensamentos. Acontece que eu estava preocupado uns dias atrás porque alguém me cobrou uma atualização aqui no blogger e eu não tinha nada pra dizer. Foi quando eu comecei a pensar em duas coisas: a) eu sempre escrevi para leitores hipotéticos, e nunca me preparei pra realidade; e b) a vida acaba quando não se a enxerga a todo instante.

Mas eu acabei não escrevendo logo em seguida porque eu preciso de silêncio pra refletir, e justamente silêncio é o que de mais escasso eu tenho hoje em dia. Sinto falta da minha privacidade. Talvez eu não produza com tanta intensidade porque eu não mais tenho privacidade, meu próprio espaço. E quando eu não penso, eu estou morto porque então não enxergo a vida em minha volta. É quando eu penso na morte. Penso na morte e em várias outras coisas, mas nunca no sentido prático. Como disse, sou completamente hipotético, e por isso, tímido ao extremo – sem coragem de admitir nem pra mim mesmos, os meus anseios. E por issopenso na morte: porque não tenho coragem de sair da hipótese. Sim, eu penso na morte, mas não como algo ruim. Tenho comigo que fatos que não podem ser evitados, não precisam ser sofridos – como a morte, por exemplo. Morte pra mim não significa dor, mas a falta dela. Vazio, pra mim, é sinônimo de morte. E estou morto quando eu penso simples, apesar de somente notar a minha morte em estagio avançado de putrefação. Feliz (ou infelizmente), sou uma fênix, no fim das contas, e volto mais forte, mas sábio, da minha morte. Mas será que pensamos simples a partir do momento em que nos tornamos simples? Será por causa desta tal simplicidade que eu só escrevo memórias? De que seria, isso, sinal: de que eu me censuro ou de que eu não me aprazo?

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