Decidi que hoje vou escrever como quem escreve um diário. E por isso eu vou! Ou não... Até eu tenho os meus dias de Gabriela. Mas, enfim, ao menos os adornos românticos eu acrescento, só pra fazer de conta que eu tentei. E assim eu finjo que consigo fazer o que eu aconselho!
Amem!
Reading, 25 de maio de 2007 – sexta-feira.
Não sei se esse Blog faz bem ou se faz mal pra mim: ele me parece mais um fantasma digital que cria vida a partir das minhas palavras, e volta de vez em quando para se alimentar da fonte. Sim, porque quando eu penso que me esqueço das coisas, elas reaparecem para me relembrar que algo não está certo, e que algo tem que ser mudado. Todos querem mudar, de vez em quando. Uns cortam cabelo, outros compram uma roupa, e outros saem do país – o que une todas essas pessoas e o ledo engano na definição de “mudança” [não é sempre que as palavras são precisas], mas recorrer ao dicionário também não adianta. A partir daí erra-se, erra-se e erra-se. Algumas vezes porque não se quer acertar, mas algumas – poucas das vezes, na verdade, porque não se sabe exatamente o que se quer mudar.
Freqüentemente eu me canso, mas não tenho coragem de morrer. Creio que se eu estivesse ligado a uma tomada eu não teria coragem de me desligar, apesar de eu temer a mim mesmo outras vezes, e este desconhecimento de mim, que culmina com a possibilidade de eu querer o meu próprio mal me assusta, porque, apesar de odiar a realidade, não sei se a morte vai ser apenas uma continuação desta deplorável [não quero repetir a palavra “realidade” ou usar a palavra “vida”, por motivos óbvios e/ou pessoais], continuação desta deplorável existência. [okay, não foi uma boa palavra também, mas encaixa-se melhor e compreende-se bem o sentido] Eu me assusto com essa possibilidade! Portanto, eu me pergunto, enfim: Qual a vantagem de morrer e descobrir que se continua, substancialmente, a mesma coisa? Acho que não tenho coragem de morrer porque a confiança no fim me tranqüiliza, e não quero correr o risco de até isso eu perder e me decepcionar, inclusive, com a morte... Então eu me mato aqui no meu Blog, enquanto espero pelo fim dos ensaios. E ah, com a vantagem de que ao menos aqui eu posso ser o meu próprio fantasma digital.