9.1.08

Uma Nova Promessa

Hoje é noite de natal.
Dia 25 de dezembro de 2007.

Ainda são 21h59 e já estávamos todos dormindo. Eu, principalmente, estou reflexivo. Sim, não sou o único a refletir nessa época do ano. Ontem a noite foi super simpática com troca de presentes e um jantar num lugar divertidíssimo chamado NEW ORLEANS. Não chegamos a falar de 2008, mas é inevitável deixar de pensar como vai ser o ano seguinte, já que estamos tão perto.

Mas ao mesmo tempo eu olho para duas fotos por sobre a cômoda e divertido percebo que ambas foram feitas nos dois últimos reveilons: uma em Guarapari, com a família reunida – todos de branco, e a segunda comigo e com a Lu, apenas, em Turin, vestidos pesadamente de preto. Eu ia dizer que não sabia exatamente onde passaria o reveilon de 2007/2008, mas que certamente seria na Inglaterra, e percebi que não há certeza de nada: tudo não passa de promessas.

Incrivelmente eu percebo, agora que a vida é apenas uma grande promessa. Alguns chamam de esperança – que eu, particularmente, odeio e já falei a respeito dessa praga. Mas é diferente a esperança da promessa, eu sei. E me choca perceber que tudo na minha vida foi uma seqüência incoerente de promessas.

A Clarice disse que ela era uma pergunta. Eu sou uma promessa. E por falar em Clarice, e por falar em ano novo ao mesmo tempo, acho que vale a pena citá-la:

“Quando uma pessoa já experimentou muitos sofrimentos, sabe apreciar as fraquezas e as boas qualidades até mesmo dos próprios inimigos. Por que deve ser nosso inimigo completamente mau, ou a vítima completamente boa? Ambos são criaturas humanas, com o que é bom e o que é mau. E creio que se apelarmos para o lado bom das pessoas teremos êxito, na maioria dos casos.
Sei o que ela quis dizer, mas está errado. Há uma hora em que se deve esquecer a própria compreensão humana e tomar um partido, mesmo errado, pela vítima, e um partido, mesmo errado, contra o inimigo. E tornar-se primário a ponto de dividir as pessoas em boas e más. A hora da sobrevivência é aquela em que a crueldade de quem é vítima é permitida, a crueldade e a revolta. E não compreender os outros é que é certo.”

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