16.5.10

Como vai você?

Eu entendo o porquê de o Luciando ter ficado com raiva: Na época eu tentava olhar nos olhos dele e fazer com que me prometesse que ia se cuidar. A nossa despedida não foi uma despedida clássica, mas foi memorável sim. Na verdade, flashes daquela viagem me perseguem hoje e me perseguirão pelo resto da minha vida – e talvez mais. Antes dele literalmente desaparecer, eu disse: “promete que vc vai se cuidar”. E ele rspondeu: “faz diferença?”. Talvez ele não fosse tão agil – talvez a resposta me machucou tanto que eu levei mais que o normal pra me recuperar, e quando levantei a cabeça pra lhe dizer qualquer outra coisa, ele havia desaparecido.

Mas que ele me disse, de verdade, foi: “você não vai fazer parte da minha vida e eu não quero te ver nunca mais, então que diferença faz o que eu faço da minaha vida?” Mas não era essa a minha pergunta. Eu não queria saber se ele ia ficar bem, eu simplesmente queria que ele concordasse comigo em alguma coisa, pelo menos uma vez – era tudo o que eu queria.... Ele não precisava cuidar dele, eu só queria que ele conversasse comigo ou que fingisse que estivesseos em sintonia. Foi como o Izaltino, pela Internet, perguntando como foi a minha operação – da extração do meu cisto, e eu não respondi nada. Eu penso que o Izlatino não queria exatamente saber como eu estava – ou queria saber sim, mas não ia fazer diferença se eu estivesse morto ou prestes a morrer. Na verdade não apenas ele, mas todos preferiam que eu sobrevivesse: era mais fácil e conveniente pra eles. O que ele queria era paz de espírito porque nos dois sabemos que nós não temos mais uma amizade, mas uma conexão residual. Nós dois nos machucamos. E isso me faz entender que não é fácil ser liberal... não eh todo mundo que dá conta de ser, vamos dizer – vai soar prepotente: não é todo mundo que sabe ser como eu era em Valadares, sempre disponível, sempre aberto, sempre farto, sempre dividindo. As duas vezes em que eu precisei de abrigo eu fui maltratado.... o que isso faz de mim? Significa que eles não me perdoam por não serem como que eu sou? Ou é o simples fato de que eles não gostavam de mim, mas da liberdade que eles tinham perto de mim? E o resto era apenas conveniência?

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