Há momentos em que filosofia vem de lugares em que não se espera algo mais profundo que um copo de whisky com energético: tudo faz um sentido esquisito, uma verdade definida – bem ao gosto de quem gosta da sensação de controle na vida. Sim, até os problemas são cíclicos, então, por que não me deixar apenas “ser”, sem muita interferência do self? Sei que estou nesse(a) “mood” quando os sentidos estão à flor da pele e eu tenho essa urgência de sentir e fazer de tudo, antes de morrer. Acho que eu só sinto essa emergência de vida porque eu estou procurando pela morte e lembro que eu não sou uma ilha e que o balanço das coisas é muito mais complexo do que apenas um eu que não tem coragem de pontuar as coisas devidamente – e sim, dói mais ainda porque eu duplamente não gosto dessas realidades (nem quando eu as invento). Queria, do fundo do coração, que as coisas fossem mais fáceis na minha cabeça, e que eu fosse menos acomodado – sim, também sou um paradoxo vivo. E adivinhe: também não gosto disso! Alias, acho que não gosto de nada que saia do mundo das idéias e deixa de ser misteriosamente inalcançável. Eu sei que já disse isso, mas preciso de mistérios pra viver. O que eu digo não faz muito sentido nem pra mim – acho que principalmente pra mim. Não, não faz porque eu me condicionei a esquecer as coisas, e fico, por isso, me repetindo.
De repente fiquei com raiva. Agora não é mais o sentido que ficou esquisito, mas o(a) “mood”. Calma! Odeio estrangeirismos! Odeio quando eu não uso meu vernáculo natural... é a minha maneira de me manter vivo, de saber quem eu sou, no meio de tantos eus. Calma! Não é isso que eu quero – não agora! Não quero sentir pena porque estou em estado de urgência! Preciso de um empurrão que me tire dessa inércia na qual se encontram todos os meus sentidos. (Não sabia que se entorpecia conscientemente também...) Como sempre, preciso de novidades. Desta vez eu estou me rendendo aos extintos mais primitivos que eu tenho (ou acho que tenho) e a fome dessa vez é de comida mesmo. Comida e teto. Acho que o céu não é mais o limite porque durante o caminho eu desisti do castelo e agora preciso da casa. Comida, teto e senso. Sim, minha vida precisa de um senso. Mais ainda do que preciso de um objetivo – o que começo a achar que é algo com o que eu não vou lidar nunca na vida. Começo a achar que minha mãe sempre esteve certa e é hora de baixar a bola. Posso jogá-la, arremessá-la – mas pra onde? Pra quem? ...tem muita gente jogando comigo e que já me jogaram a bola antes e não seria certo, nem moral devolver. Eu poderia jogar a toalha no chão mesmo, mas como eu já falei antes, eu não gosto das realidades nas quais eu sou inserido – nem das minhas e nem das dos outros. Não quero mais grama verde, mas feno. Apenas feno. Eu urgentemente preciso de feno, mas preciso plantar porque, como disse, estou com fome. E por enquanto é isso que sinto (ou ao menos acho que sinto) – já fui muito longe pra desistir.... mesmo porque desistir não é tão fácil quanto parece... ah... eu me odeio!
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