Eu estou aliviado! Posso, enfim, voltar a respirar... E recito: “Mas não há paixão sofrida em dor e amor a que não se siga uma aleluia!”
Acabei de me re-descobrir, recuperar minhas forças: passou a escuridão! Aceitei que a vida não pode ser vivida, sem os riscos que acompanham. E, com isso, descobri que a história só faz sentido pra quem a viveu, ou vive. Quer dizer, antigamente eu acreditava que a História existia para que não fossem re-cometidos os erros do passado, mas essa é uma concepção ignóbil. Egípcios, Sumérios, Gregos. John Kennedy, Jesus Cristo, Marilyn Monroe. Bomba atômica, Avião, Acarajé: cada um desses signos só faz sentido pra quem os consegue viver. A História somente faz sentido pra quem a vive, meu Deus! Eu não nego a necessidade da História, mas a obrigatoriedade de utilizá-la! Cada um dos elementos da História só faz sentido para quem, mesmo que indiretamente, já os experimentou – para os outros eles não passam de mera especulação. Isto é, cada um deixa seu legado, mas somente faz (bom) uso desse legado quem o quiser utilizar. Pra que viver a vida calculando cada passo, se, no fim das contas, tudo é quântico? Pra que viver uma vida de status, se não se pode comê-lo, vesti-lo, vê-lo?
Eu não quero ser personagem da minha história: eu quero ser a minha própria história! Quero que a minha vida faça sentido pra mim... e só pra mim! (se alguém quiser entendê-la, que tente – não vou dificultar e nem facilitar: vou apenas viver!) Eu quero experimentar as coisas quando delas eu precisar, e não porque alguém já passou por um caminho parecido e diz que já prevê como as coisas podem terminar. Obrigado, mas não quero conselhos! Eu não quero uma vida analisada e cheia de marcos através dos quais eu possa contar os anos. Pra ser sincero eu quero mesmo é uma vida cheia de vida, e não de fatos. Quero acertar, mas quero errar também, mas quero ter orgulho dos passos que eu der sozinho, sem depender de uma terceira perna que em apóie no chão.
Uma vez eu quis ser famoso – eu quis ter uma terceira perna... Mas eu não sei o que é a fama porque eu nunca a experimentei como eu imaginei que fosse. Claro que, olhando pra trás, eu tive algum reconhecimento e fui seduzido pelos minutos que a tive em minhas mãos... Engraçado: só agora eu percebo que não foi a fama quem me seduziu, mas o tempo em que eu a senti de perto. E a fama vicia! Eu não guardei, por exemplo, a sensação de ter ganhado o concurso de monografias na faculdade, mas as imagens que eu fiz da cerimônia. A fama vicia porque se acostuma com atenção – é muito bom ser levado a sério! Eu sempre fui uma pessoa de imagens, mas não porque eu as gostasse de ver – muito pelo contrário: eu sou uma pessoa de memória visual porque eu as uso pra me esconder.
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