17.7.08

I Bop!

Eu já tinha sofrido pra comprar o ingresso pro show do dia 14 de outubro no Shepperds Bush Empire, mas eis que o um colega da comunidade da Cyndi Lauper no Orkut – o Fernando, me avisa que aconteceria um Pocket Show no G-A-Y... o desespero por ingressos começava novamente: eu me lembro bem que o site do evento dizia que os ingressos seriam vendidos na semana da performance – o que significa que eu fiz o coitado do Richard me levar pra o SoHo no domingo e dar com a cara na porta porque os ingressos eram vendidos a partir da segunda-feira... frustrações à parte, os ingressos estavam nas minhas mãos no momento certo e o problema então era aguardar a data e arrumar um jeito de garantir bons lugares no dia do show – afinal, o G-A-Y acomoda pouco mais de mil pessoas.

A semana passou despercebida porque o trabalho me ocupou, e na sexta-feira apenas eu fui me dando conta de que eu veria a Cyndi no dia seguinte! Ah, a Cyndi! Pra quem me conhece sabe que ela eh “a” preferida. Eu tenho a Madonna como esporte porque ela é meio que a cola que me une com muitas das minhas amizades, como por exemplo, o Izalty que ama as Spice Girls, o Glayson que ama a Cher, o André que ama o U2, a Lu que ama o Luís Miguel. Todos têm a Madonna em comum, mas com um pedacinho V.I.P. do coração especialmente reservado praquele artista favorito, que no meu caso é a Cyndi.

Eu me perco quando penso na Cyndi. Clássicos como Girls Just Wanna Have Fun, Time After Time ou True Colors sempre fizeram parte das minhas primordiais K7s que eu sempre chamava de “Good Times”. Eu também me lembro de que a Graciane, prima do Igor, tinha os vinis do True Colors e do A Night To Remember – e eu me lembro também que as capas dos discos chamavam muito atenção (vide saia de jornais do TC ou a combinação de franjas, bolinhas e cinta-liga da roupa dela na capa do ANTR... e isso sem mencionar os cortes de cabelo!) Mas uma imagem bem gráfica ficou marcada com o lançamento da Twelve Deadly Cyns em 1994, e o comercial que passava na globo, geralmente depois da Xuxa, no horário do almoço: foi quando eu comprei o meu primeiro CD da Cyndi. E de repente eu iria humanizar a minha cantora preferida, potencialmente vendo-a de pertinho! E eu tinha a chance de ficar muito, muito proximo dela, e de talvez conseguir um autógrafo, ou mesmo fazer uma foto com ela! Tudo dependia apenas de chegar lá!

Mas em se tratando de viagens, todo mundo sabe que nada é fácil ou tranqüilo pra mim... Saímos de Reading – eu e o Richard, pelas 21h30, com intenção de chegarmos à porta pelas 22h30, quando as portas se abririam e eu correria pra conseguir um bom lugar na frente do palco. A teoria é linda, mas acontece que no caminho tinha estrada interditada, sinalização alternativa deficiente e desvios que atrasaram a viagem em pelo menos uma hora! E pra desespero meu, encontrar vaga pra estacionar foi outro pesadelo: andamos meio mundo e fomos estacionar num local que equivalia a cerca de 3 estações de metrô. Como resultado, em vez de 22h30, eu estava na porta do G-A-Y às 12h15... Mas pra sorte nossa, o Fernando e a Paula ja estavam lá dentro colados no palco, e guardando lugar pra gente.

Quando eu me assegurei de que estava no melhor lugar possível, me dei conta de que os telões laterais transmitiam o DVD do Twelve Deadly Cyns... o Fernando dizia que já era a segunda ou terceira vez seguida que ele via aquilo, e pelo que eu contei, eu vi outras, pelo menos, três vezes consecutivas! Quanto ao clima na casa, tudo soava como numa boate normal: os mais atrevidos dançavam oferecidamente no palco, cheiro de gelo seco misturado com maconha no ar, música alta – mas muito boa, e as risadas de costume. Deliciosamente havia um grupo de cerca de 10 brasileiros em volta de mim. Aos poucos nos reconhecíamos e faziamos amizade uns com os outros: todos estavam lá por causa da Cyndi. E quando menos esperávamos, uma voz robótica coa, informado aos que dançavam no palco, que o show comecaria em breve e que eles deveriam sair dali. Confesso que foi um momento dramático porque as pessoas tendiam a descer no local em que estávamos – porque era exatamente a frente da passarela, mas a galera brasuca não deixou que ninguem ocupasse o nosso lugar de direito, e não nos movemos um passo! Foi difícil evitar o empurra-empurra, mas a gente conseguiu!

E eis que as luzes se apagam minutos depois e as cortinas sobem: tem uma cama no palco e alguém sob os lençóis se agita e contorce: era a Cyndi cantando She Bop. Todas as músicas do show tinham uma roupagem condizente com o Bring Ya To The Brink.



Ficamos pertinho dela ou não?


Logo em seguida ela cantou Into The Nightlife, e emendou com Girls Just Wanna Have Fun, e ela sempre vinha pra ponta do palco e ficava na minha frente... eu tentei pegar a mão dela e consegui uma vez, duas vezes, três vezes... mas eu ainda queria que ela soubesse que a gente estava lá: por isso eu levara a bandeira do Brasil comigo. De vez em quando abríamos a bandeira, mas o timing era tão ruim que ela nunca estava olhando pra nossa direção, ou por perto quando mostrávamos. Enquanto ela não via a bandeira, ela cantou I’m Gonna Be Strong! Ela cantou I’m Gonna Be Strong! E acapella! E melhor: ela cantou a música segurando a minha mão! A música inteira!

Enfim ela terminou de cantar Set Your Heart e veio conversar com a platéia... era o momento perfeito pra agitarmos de novo a bandeira, e desta vez ela nos viu: ela pegou a bandeira e perguntou pra mim qual era o país: BRASIIIIIIIL, gritamos todos na frente. E ela levou a bandeira consigo e colocou sobre a cama no palco... preciso dizer do orgulho?



Logo depois ela cantou True Colors enrolada na bandeira GLSBT, e emendou com Time After Time. O host da casa trouxe um bouquet de rosas vermelhas e agradeceu a presença ,depois de 14 anos sem se apresentar no Reino Unido, e justamente no G-A-Y. Ela terminou o show com Same Old Story e foi embora, dizendo que voltava em outubro. Ah! Eu ainda consegui pegar a bandeira de volta, que agora é duplamente especial...



Set list:


1 - She Bop
2 - Into The Nightlife
3 - Girls Just Wanna Have Fun
4 - I'm Gonna Be Strong (A Capella)
5 - Set Your Heart
6 - True Colors (Gay Pride Mix - Junior Vazques)
7 - Same Old Story
8 - Time After Time (A Capella)


Videozinhos:

She Bop.



Time After Time.



Diversos momentos.